sexta-feira, 1 de janeiro de 2010

Reduções de Emissões versus crescimento do PIB: o falso dilema!

O recente debate dentro do governo brasileiro sobre o quanto o país poderá, voluntariamente, reduzir de emissões de gases de efeitos estufa até 2050, tem colocado, de um lado, o Ministério do Meio Ambiente, que defende 40% de redução e, do outro, a Casa Civil – e outros ministérios – que não quer colocar em risco um possível crescimento do PIB de 4% a 6% ao ano. A despeito de que crescer 6% ao ano possa ser fruto, no mínimo, de um otimismo questionável, existe o receio de que, quanto maior forem as metas de redução de emissões do país, menor será o crescimento do seu PIB. Mas, é este um dilema verdadeiro? Acho que não! Na verdade, acho uma bobagem. Digo isso, pois tal dilema está calcado, primeiro, na falsa ideia de que não será possível crescer economicamente no futuro a não ser através do atual modelo carbono (fóssil) intensivo. Assume-se que, para crescer, muito óleo terá que ser ainda queimado. Segundo, este debate sobre emissões e PIB desconsidera totalmente o fato de que um crescimento econômico futuro vigoroso se dará em países que tomarem as decisões certas hoje: conservação de florestas (grandes armazéns de carbono), desenvolvimento tecnológico de energias limpas e renováveis e um destino mais nobre ao petróleo. Esquece-se ainda que decisões em favor da conservação das florestas brasileiras, da redução do desmatamento, combinado com a redução de emissões de outros setores (transporte e energia) representa um tipo de poupança ou investimento de longo prazo. Aquilo que parece ter um custo econômico elevado hoje representa uma economia resultante da prevenção de grandes prejuízos econômicos no futuro, advindos da mudança do clima. Basta dizer que a conservação da Amazônia, por exemplo, representará na prevenção de trilhões de dólares em prejuízos para o Brasil e o mundo como um todo. O que quero dizer, no final, é que parte significativa do crescimento futuro do PIB do Brasil poderá ser resultante da uma economia de baixo carbono que decidirmos implementar hoje. Ainda, o país poderá ingressar na economia global de REDD (Reduções de Emissões de Desmatamento e Degradação Florestal), atualmente em debate na Convenção de Mudança Climática da ONU. A sociedade brasileira tem tudo para dar um passo rumo a uma economia forte e com crescimento relevante do PIB, um PIB limpo, e não aquele que parece rondar alguns setores do governo federal.

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