terça-feira, 23 de fevereiro de 2010

Novo estudo dobra o nível de poluição

Novo estudo dobra o nível de poluição das águas na China Avaliação reforça dúvida sobre as estatísticas oficiais do país. Um novo levantamento do governo chinês para apurar os problemas ambientais do país mostrou que os níveis de poluição da água em 2007 foram mais do que o dobro da estimativa oficial do próprio governo, em grande parte porque os resíduos do setor agrícola eram antes ignorados. Os dados, apresentados pelo vice-ministro para a Proteção do Ambiente, Zhang Lijun, reforçam os questionamentos sobre a qualidade das estatísticas oficiais chinesas e sobre a eficácia de uma campanha do governo por crescimento mais limpo, depois de décadas de expansão desenfreada. O primeiro censo nacional sobre fontes de poluição constatou que a liberação de demanda de oxigênio químico (DQO) - uma medida da poluição da água - em águas residuais (sem tratamento) foi de 30 milhões de toneladas métricas, disse Zhang. O governo havia declarado num documento oficial elaborado dois anos atrás que 2007 foi o primeiro ano em que conseguiu reduzir a poluição da água, com queda de 3% no DQO, para 13,8 milhões de toneladas métricas. O censo levou ano para ser concluído, em parte porque foi extremamente abrangente, mas possivelmente também porque o conteúdo inclui revelações dolorosas como esta. Zhang minimizou a diferença entre os totais. Ele disse que a diferença é explicada pela abrangência expandida do levantamento, a inclusão de fontes agrícolas de águas residuais, que contribuíram com cerca de 13,2 milhões de toneladas métricas, e métodos de cálculo diferentes. "A abrangência dos dados foi diferente, desta vez ele incluiu um levantamento de fontes agrícolas", afirmou Zhang numa entrevista coletiva. Um levantamento mais detalhado das emissões das famílias e das indústrias e uma abordagem estatística diferente também contribuíram para o salto. Quando estes fatores foram contabilizados, a DQO foi de apenas cerca de 5% acima do número original de 2007, disse ele. Os números para outros poluentes não indicaram manipulação generalizada de dados. As emissões de dióxido de enxofre causadoras da chuva ácida, por exemplo, foram fixadas em 23,2 milhões de toneladas métricas pelo censo e têm sido estimadas em 24,7 milhões de toneladas métricas nas nos dados anteriores. Mas independente de a omissão dos poluentes agrícolas ter sido intencional ou não, o fato de o governo ter conseguido omitir um elemento contribuinte importante para um dos seus indicadores referenciais de poluição deverá gerar apreensão. Podem também existir outros problemas graves que Pequim hesita em revelar. Militantes que saudaram a iniciativa de compor um quadro mais abrangente do problema da poluição do país também exigiram obter acesso a resultados detalhados. "Parece que os dados de poluição abrangentes retirados do censo não foram tornados acessíveis ao público", afirmou o diretor de campanhas do Greenpeace, Sze Pang Cheung. "Exortamos o governo a estabelecer imediatamente uma sólida plataforma, por cujo intermédio o público possa acessar facilmente uma ampla gama de dados sobre poluição." Zhang argumentou que o levantamento conferiu à China uma melhor indicação sobre seus desafios e que no futuro o país poderá nutrir esperanças de elevar a variedade de poluentes que monitora e controla. Isso representou um sinal do compromisso da China em alterar seu modelo econômico, ele acrescentou, o que lhe permitirá fixar limites ao crescimento da poluição num estado mais preliminar do desenvolvimento na comparação com os países ocidentais. "Posto que a China adotou uma rota de desenvolvimento diferente da adotada por outros países avançados, é muito provável que o auge da nossa poluição ocorra mais cedo", ele disse. Ele acrescentou, porém, que o governo não mudará o parâmetro ou os métodos de levantamento para uma meta de redução da poluição de águas residuais em 10% até 2010 com base nos níveis de 2005.

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