Argumento cético
O clima da Terra já mudava muito antes de despejarmos CO2 na atmosfera. A Europa já esteve mais quente na Idade Média. Durante o século XVIII, ela esteve mais fria, levando à “Pequena Era do Gelo”. No passado mais distante, houve momentos em que a Terra esteve vários graus mais quentes que as temperaturas atuais.
O que a ciência diz
Mudanças climáticas naturais do passado mostram que o clima é sensível a um desequilíbrio energético. Se o planeta acumula calor, as temperaturas globais sobem. Atualmente, o CO2 está impondo um desequilíbrio energético devido a um aumento no efeito estufa. As mudanças climáticas do passado, na verdade, proporcionam evidência à sensibilidade do clima ao CO2
Se há uma coisa em que todos concordam, no debate sobre o clima, é que o clima já mudou naturalmente no passado. Muito antes da era industrial, o planeta passou por muitos períodos quentes e frios. Isso levou alguns a concluir que se as temperaturas globais já mudaram no passado, muito antes dos utilitários esportivos e das TVs de plasma, então a natureza deve ter causado o aquecimento presente. Esta conclusão é o oposto daquela à qual chegou a literatura científica revisada por pares.
Nosso clima é regido pelo seguinte princípio: quando você adiciona calor a ele, a temperatura sobe. Da mesma forma, quando o clima perde calor, a temperatura cai. Diz-se que o planeta está num desequilíbrio energético positivo. Mais energia está chegando do que sendo irradiada de volta ao espaço. Isso é conhecido como forçante radiativa: a mudança no fluxo líquido de energia no topo da atmosfera. Quando a Terra tem uma forçante radiativa positiva, nosso clima acumula calor e a temperatura global sobe (não monotonicamente, é claro, pois a variabilidade interna trará ruído ao sinal).
Quanto a temperatura varia para uma dada forçante radiativa? Isso é determinado pela sensibilidade climática do planeta. Quanto mais sensível for o planeta, maior será a mudança de temperatura. A maneira mais comum de se descrever a sensibilidade climática é a mudança na temperatura global quando o CO2 é duplicado. O que significa isso? A quantidade de energia absorvida pelo CO2 pode ser calculada usando códigos de transferência radiativa linha-por-linha. Estes resultados foram confirmados experimentalmente por medições a partir de satélites e de superfície. A forçante radiativa para a concentração duplicada de CO2 é 3,7 W/m² (IPCC AR4 Seção 2.3.1).
Então, quando falamos sobre sensibilidade climática para o dobro de CO2, estamos falando sobre a mudança nas temperaturas globais a partir de uma forçante radiativa de 3,7 W/m². Esta forçante não tem que vir necessariamente do CO2. Ela pode vir de qualquer fator que cause um desequilíbrio energético.
Quanto o planeta se aqueceria se o CO2 fosse duplicado? Se nós vivêssemos num clima sem nenhum feedback, as temperaturas globais subiriam 1,2ºC (Lorius 1990). Porém, nosso clima tem feedbacks, tanto positivos quanto negativos. O mais forte feedback positivo é o vapor d'água. Conforme a temperatura sobe, também aumenta a quantidade de vapor d’água na atmosfera. Porém, o vapor d’água também é um gás estufa, que por sua vez provoca mais aquecimento, e assim por diante. Também existem feedbacks negativos – mais vapor d’água no ar pode causar mais nuvens, que refletem a irradiação solar incidente, resultando num efeito de resfriamento.
Qual é o efeito líquido final? A sensibilidade climática pode ser calculada a partir de observações empíricas. É necessário encontrar um período em que temos registros de temperatura e medidas das várias forçantes que determinaram a mudança climática. Uma vez que você tem a mudança da temperatura e da forçante radiativa, a sensibilidade climática pode ser calculada. A Figura 1 mostra um resumo dos estudos revisados por pares que determinaram a sensibilidade climática a partir de períodos passados (Knutti & Hegerl 2008).

Nenhum comentário:
Postar um comentário