sexta-feira, 1 de outubro de 2010

Derretimento polar abre rotas entre América a Ásia

Derretimento da calota polar abre novas rotas para Ásia
Tragédia ambiental gera enusiasmo com menor duração de viagens marítimas entre a Europa e continente asiático. Groenlândia. Bloco de gelo separado da geleira Petermann Eles esperavam encontrar gelo espesso, icebergs e tempestades. Como medida de precaução, um quebra-gelo russo foi enviado para proteger o cargueiro MV Nordic Barents dos flagelos do Oceano Ártico. Mas, no fim, apenas alguns pedaços menores de gelo passaram pela embarcação, em duas ocasiões. "O quebra-gelo nuclear desempenhou papel de figurante", diz Felix Tschudi, funcionário da transportadora que alugou o cargueiro carregado de minério de ferro. Em setembro/2010, após percorrer 5,7 mil quilômetros no Oceano Ártico, o navio chegará ao porto chinês de Lianyungang. "E não tivemos de parar nenhuma vez", diz Tschudi. Com um misto de esperança e suspeita, transportadoras marítimas, políticos e ambientalistas observam o quanto o gelo marítimo recuou em direção ao Polo Norte neste ano. Será que o derretimento da calota polar vai provocar uma reviravolta nas rotas comerciais marítimas? Em relatório lançado há duas semanas, o Centro Nacional de Dados de Gelo e Neve dos EUA informou que a cobertura de gelo do Ártico parece ter atingido seu nível mínimo para este ano, sendo a terceira menor extensão anotada desde o início das observações por satélite, em 1979. O gelo do Ártico cobriu uma área média de 6 milhões de Km², 22% abaixo da média 1979-2000. Este ano teve o 14.º mês de agosto consecutivo com gelo abaixo da média. Há algumas semanas, o petroleiro russo Baltika, com 70 mil toneladas de gás condensado, navegou sem problemas do porto russo de Murmansk até a cidade chinesa de Ningbo, atravessando o Ártico. O transporte de mercadorias pela rota polar está cada vez mais se tornando rotina. Isso aproxima a Ásia da Europa. A rota percorrida pelo MV Nordic Barents do porto norueguês de Kirkenes até a China foi encurtada em cerca de 50%. "Isso nos poupou 15 dias de viagem marítima", diz Tschudi. Novo canal. Será que o oitavo oceano do mundo está se transformando em uma "versão "transártica" do canal do Panamá", como disse o entusiasmado presidente islandês Ólafur Ragnar Grímsson? De fato, além de abrir a rota marítima setentrional ao longo da costa russa do Ártico e da Sibéria até o Extremo Oriente, a mudança climática está desbloqueando a Passagem Noroeste e abrindo uma trilha pelo coração do Ártico canadense. Entre 1906 e 2006, somente 69 navios enfrentaram a temida viagem. Entretanto, o especialista canadense em lei marítima Michael Byers contou 24 navios percorrendo a rota somente no ano passado. Nos países que fazem parte do Círculo Polar Ártico, uma nova frota de embarcações começa a tomar forma, projetada para finalmente conquistar essa área e acrescentá-la às rotas comerciais do mundo. Entretanto, esses cargueiros marítimos não poderão dispensar completamente a proteção contra o gelo. "Mesmo nos meses de verão, esperamos encontrar alguns blocos de gelo isolados", diz o pesquisador Lawson Brigham, um dos autores daquele que deve ser o mais completo estudo das novas rotas marítimas do Ártico. (OESP)

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