domingo, 29 de maio de 2011

Código Florestal derrotou Dilma no Congresso

Emenda do novo Código Florestal impõe primeira derrota de Dilma no Congresso
Governo pretende buscar novas mudanças em relação ao texto aprovado.
Depois de três semanas de intensas negociações, a Câmara dos Deputados aprovou nessa terça, dia 24, o novo Código Florestal. O governo, porém, acabou derrotado na votação da emenda 164 do PMDB que, na prática, prevê anistia aos produtores que desmataram áreas de preservação permanentes até julho de 2008.
O polêmico relatório do deputado Aldo Rebelo (PCdoB-SP), debatido durante 11 horas nessa terça, segue agora para o Senado, onde deve ser apreciado nas próximas semanas. Na votação, o texto principal foi aprovado por 410 votos a favor e 63 contrários, além de uma abstenção. Na emenda, o governo perdeu por 273 votos contra 182 e duas abstenções, o que expõe a divisão da base aliada e representa a primeira derrota da presidente Dilma Rousseff no Congresso.
Pela emenda, os Estados terão autonomia para criar e executar seus programas de regularização para as áreas de preservação. O governo tentava manter para si essa prerrogativa. Antes da votação, o líder do governo na Câmara, Cândido Vaccarezza (PT-SP), já antecipava um possível veto de Dilma em caso de nova derrota no Senado:
– Isso representa anistia ao desmatamento. A presidente não hesitará em usar seu direito constitucional de veto para proteger o meio ambiente – relatou.
Além de tentar retomar no Senado a prerrogativa exclusiva de legislar sobre as APPs, o governo irá se empenhar por novas mudanças em relação ao texto aprovado na Câmara. Segundo Vaccarezza, o Planalto deseja estabelecer punições para quem reincidir em agressões ao ambiente, garantir aos pequenos produtores o cultivo às margens de rios e obrigar a recomposição de áreas desmatadas na Amazônia.
Se essas alterações forem feitas no Senado, o texto retorna à Câmara para nova apreciação. Com isso, pode se esgotar a validade de um decreto presidencial que estipula o prazo de 11 junho como data-limite para que cada agricultor declare em cartório as áreas de reserva legal em sua propriedade. Quem não obedecer a essa data cairá na ilegalidade. No sul do país, mais de 90% das propriedades não mantêm a área mínima de 20% exigida para reservas legais. Para evitar punição a esses produtores, o governo admite prorrogar a validade do decreto até o final das votações no Congresso.
A discussão do código evidenciou um racha na base governista, induzida sobretudo pelo PT. O líder do partido na Casa, Paulo Teixeira (SP), se recusou a subscrever o acerto para a votação da emenda do PMDB. Minutos antes de anunciar o acordo para a votação do texto, Vaccarezza reclamava da posição do próprio partido. Em telefonema ao Planalto, assegurava que poderia derrotar a emenda.
– Se o PT ficar dizendo não, vai ficar difícil – afirmou.
No final da tarde, em reunião de líderes, Vaccarezza ainda tentava unificar a base governista. O deputado fez um último apelo, pedindo que só o relatório fosse votado em 24/05, deixando as emendas para o dia 25. Mais uma vez, foi desprezado pela pressa das bancadas em liquidar o assunto. (noticiasagricolas)

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