quinta-feira, 17 de maio de 2012

Ilhas de lixo no Oceano

Por ser tão barato e tão popular, o plástico logo se transforma em lixo e é dispensado em qualquer lugar. Assim, logo tornou-se o material mais volumoso em lixões e aterros. E, infelizmente, é encontrado nos lugares mais inapropriados: na cidade, em áreas naturais, rolando nos desertos e campos, enroscados no alto das árvores, flutuando em lagoas e rios. Nem o remoto alto mar escapa. Descartado o plástico logo sai de vista, mas não desaparece. Carregado pelas correntes marinhas, circula indefinidamente, concentrando-se no centro dos grandes oceanos, onde chega a formar imensas ilhas flutuantes.
No oceano Pacífico há uma enorme camada flutuante de plástico que já é considerada a maior concentração de lixo do mundo, com cerca de 1.000 km de extensão. Acredita-se que haja cerca de 100 milhões de toneladas de plástico de todos os tipos. A área ocupada vai da costa da Califórnia a meio caminho do Japão, com uma profundidade de mais ou menos 10 metros. São pedaços de redes, garrafas, tampas, bolas, bonecas, patos de borracha, tênis, isqueiros, sacolas plásticas, caiaques, malas e todo tipo de plástico. Segundo seus descobridores, a mancha de lixo - ou sopa plástica - tem quase duas vezes o tamanho dos Estados Unidos.
Dois fatores contribuem para formação do problema: a ação humana e a própria natureza. Segundo os pesquisadores, um quinto dos resíduos é jogado de navios ou plataformas petrolíferas. O restante vem da terra. No mar, o lixo flutuante é agrupado por influência das correntes marítimas e fica vagando dos dois lados do arquipélago havaiano.
A bolha plástica atualmente está em duas grandes áreas ligadas por uma faixa estreita. Referem-se a elas como bolha oriental e bolha ocidental. Um marinheiro que navegou pela região no final dos anos 90 ficou atordoado com a visão do oceano de lixo plástico à sua frente, navegou por mais de uma semana sobre todo esse lixo.
Quando passa perto do continente a mancha causa praias cobertas de lixo plástico de ponta a ponta flutuando no Oceano Pacífico.
O plástico é o resíduo mais comum por ser leve, durável e um produto onipresente e descartável tanto em sociedades avançadas quanto em desenvolvimento. Ele pode flutuar centenas de km antes de ser pego por um redemoinho e, então, se decompor com o tempo. Mas depois de se partir em pedaços, os fragmentos parecem confete na água. Milhões, bilhões, trilhões e mais dessas partículas flutuam nos redemoinhos repletos de lixo do mundo, colocando em risco a fauna marinha.
Pesquisadores alertam para o fato de que toda peça plástica que foi manufaturada desde que descobrimos este material e que não foi reciclada ainda está em algum lugar do planeta.
Essa sopa plástica pode funcionar como uma esponja que concentra poluentes persistentes. Ou seja, qualquer animal que se alimenta nestas regiões pode ingerir altos índices de venenos que acabam introduzidos, através da pesca, na cadeia alimentar humana, tornando verdadeira a afirmação de que o que fazemos à Terra acaba tendo impacto sobre nós, seres humanos.
De acordo com o Programa Ambiental das Nações Unidas, detritos de plástico constituem 90% de todo o lixo flutuante nos oceanos. O programas estimada que 46.000 peças de plástico flutuantes provocam a morte de mais de um milhão de aves e de outros 100.000 mamíferos marinhos por ano. Seringas, isqueiros e escovas já foram encontrados nos estômagos de animais marinhos mortos.
Segundo investigadores, no Atlântico Norte também existe uma lixeira flutuante de detritos de plástico de densidade "comparável à Ilha de Lixo do Pacífico Norte", que tem sido "extremamente ignorada" Estudo de duas décadas foram apresentado no Encontro de Ciências do Oceano, que decorreu em Portland, nos EUA, os detritos flutuantes são constituídos por pedaços de plástico utilizado em inúmeros produtos de consumo, incluindo sacos. A investigação, realizada por cientistas e estudantes da Associação da Educação para o Mar (Sea Education Association), efectuou o maior e mais extenso registo de concentração de detritos de plástico realizado em qualquer oceano.
A densidade máxima de concentração de detritos de plásticos encontrada foi de 200 mil pedaços por quilómetro quadrado, "um máximo que é comparável à Ilha de Lixo do Pacífico Norte"
A fiscalização para evitar agressões ao meio ambiente em geral costuma ser fraca, e mais inoperante ainda é a fiscalização que deveria proteger o ambiente marinho - a absurda sopa de lixo no Pacífico comprova esse fato. Convenções internacionais determinam que todas as embarcações devem manter em recipientes adequados os seus resíduos produzidos a bordo, sendo proibido (e passível de multa) o seu descarte no mar - a Marinha brasileira estabelece punições pecuniárias que vão de R$ 7 mil a R$ 50 milhões. Uma vez boiando nos oceanos, no entanto, esses resíduos passam a ser sujeira sem dono - como ponta de cigarro na rua. Ainda que se saiba a sua procedência, é impossível responsabilizar culpados. Por isso a fiscalização é teórica e ineficaz, por isso formam-se lixões como o do Pacífico, por isso a humanidade, feito suicida, emporcalha aquilo que é a principal condição biológica para a sua sobrevivência - a água.
Vamos fazer a nossa parte, quando consumirmos algo, evitar embalagens que não sejam degradadas com facilidade. (tudosuperinteressante)

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