quarta-feira, 15 de agosto de 2012

ONU alerta para crise de alimentos

ONU alerta para crise de alimentos enquanto Brasil colhe safra recorde
Agência das Nações Unidas para Agricultura, a FAO, já registra aumento de 6% nos preços mundiais dos alimentos por conta da seca americana; produtor brasileiro lucra mais.
Aumento recorde no preço das commodities agrícolas aumento risco de crise alimentar, diz a FAO
A Organização das Nações Unidas para Agricultura e Alimentação (FAO) tratou de traduzir em números, nesta quinta-feira o que pode significar para o resto do mundo a seca histórica que está comprometendo a safra americana de grãos. Seu índice de preço de alimentos, que mede o preço mundial das commodities agrícolas, subiu em julho 6%, revertendo uma tendência de queda que já durava três meses. De acordo com a organização, se os países passarem a restringir exportações de alimentos para manter seus estoques em níveis seguros, a tendência é de que o mundo volte a assistir uma crise alimentar como a ocorrida em 2007/2008.
Enquanto, isso, no Brasil, o setor agrícola comemora aquele que pode ser o melhor período para os produtores em décadas. Além de uma safra recorde registrada este ano, a expectativa é de que a produção de grãos cresça 2% no próximo ano – mais de 10% no caso da Soja -, alcançando um novo patamar exatamente no momento em que as commodities agrícolas atingem preços também recordes. 
Países africanos, como o Sudão do Sul, são os mais vulneráveis no caso de uma crise mundial de alimentos.
A alta foi puxada por cereais (17%), como o milho e o trigo, e pelo açúcar. A carne caiu, mas em nível insuficiente (1,7%) para compensar a alta de outros itens da lista de produtos básicos usada na formação da cesta.
O índice ainda está muito abaixo do nível de 2011. Mas a alta preocupa por causa de outras previsões. O preço dos laticínios, por exemplo, ficou estável em junho, após cinco meses de queda. Teme-se que a alta do preço de cereais tenha efeitos em cascata sobre outros alimentos, como as carnes de frango e suínos, criados a base de milho e farelo de soja. No Brasil, a alta já vem sendo sentida pelos produtores, que estimam em ao menos 50% a alta nas gôndolas.
Ao menos por ora, a produção de arroz, outro dos principais cereais em volume de produção no mundo, não preocupa. Houve revisão na expectativa de produção para o ano, de 7,8 milhões de toneladas, para 724,5 milhões de toneladas, em função de chuvas menos intensas que o habitual na Índia. E países como Camboja, Taiwan, República Democrática popular da Coreia, República da Coreia e Nepal também esperam colher menos.
Mas as reservas são consideradas abundantes e a produção pode crescer em grandes países produtores da Ásia, como China, Indonésia e Tailândia, e em alguns países da América do Sul, como Bolívia, Colômbia, Peru e Venezuela.
Mesmo assim, a alta nos preços das commodities agrícolas, que bateram recordes na bolsa de Chicago, já estão levando países africanos como Mali, Niger e Costa do Marfim, a baixarem tarifas de importação de alimentos básicos, para conter a alta dos preços e prevenir revoltas como as registradas no país há cerca de cinco anos, reportou o New York Times nesta semana.
Contramão
Em meio às notícias de quebra de safra nos Estados Unidos, por causa da seca e das temperaturas mais altas em mais de 100 anos, o Brasil comemorou nesta quinta-feira o anúncio de mais um recorde na produção agrícola. O volume colhido deverá superar as 165 milhões de toneladas, 2% acima do resultado do ano passado, e permitirá que os produtores invistam para ter uma boa produtividade na safra de verão 2012/2013. Restará contar com o clima.
Ao sair de uma reunião com a presidente Dilma Rousseff, o ministro da Agricultura, Mendes Ribeiro, aproveitou para bater o bumbo e disse que o PIB agrícola do segundo trimestre surpreenderá. No primeiro trimestre, o número não foi bom. Na avaliação de analistas de mercado, como Eadson Pereira, da Informa Economics FNP, a queda ocorreu porque Brasil também sofreu com uma forte estiagem nos meses do verão 2011/2012, que atingiu áreas importantes de cultivo na região Sul do país e em partes dos estados de São Paulo e Mato Grosso do Sul.
De acordo com o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), no primeiro trimestre do ano, a queda do PIB agropecuário brasileiro foi de 8,5% em relação ao mesmo período de 2011. “As expectativas iniciais eram de que colhêssemos 75 milhões de toneladas de soja, mas ficamos em 66,4 milhões. Em milho, das 38 milhões esperadas, foram colhidas 34,2 milhões”, diz Pereira.
O que salvou a lavoura, literalmente, afirma o analista, foi a safra de milho de inverno, que superou todas as previsões em termos de produtividade. Além de um aumento da área plantada de 23%, ele conta que o clima ajudou e o salto na produtividade foi de 40%, o que resultou em 8,5 milhões de toneladas acima das 30 milhões esperadas. “É algo que dificilmente se repetirá”, afirma.
Com o preço do milho em alta, porém, a perspectiva agora é de que os produtores cheguem capitalizados ao período de plantio da próxima safra, que começa em setembro, e invistam mais em fertilizantes, sementes e outros itens do que no setor é conhecido como “pacote tecnológico”.
Seca recorde nos Estados Unidos pode fazer com que Brasil assuma liderança mundial na produção de Soja
A seca nos Estados Unidos abre uma janela de oportunidade para que o país se torne o maior produtor e exportador de soja do mundo, no próximo ano, afirma Pereira, da FNP. Mas para chegar lá o país ainda terá que driblar tradicionais problemas de falta de infraestrutura e pessoal.
Há mais de 50 navios de fertilizantes esperando para desembarcar nos portos de Paranaguá e Antonina, no Paraná, e a greve de fiscais agropecuários da Receita Federal tende a atrasar ainda mais as entregas e comprometer ao menos parte o cronograma do plantio da safrinha e da safra de verão. (economia)

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