No extremo sul de Mato Grosso, o exemplo do
Rio Taquari é uma evidência dos efeitos da degradação de nascentes. As grandes
erosões e a perda da hidrologia na região deram origem ao termo
"taquarização" para descrever o processo que ameaça o Pantanal como
um todo.
Depois de anos de mau uso do solo no Alto
Taquari, uma área de 700 quilômetros de rio acabou praticamente soterrada por
enormes bancos de areia. "O Rio Taquari é, sem dúvida, um exemplo do que
pode ocorrer com o Pantanal. Com o lençol freático comprometido, os sedimentos
foram sendo levados pelo rio, que foi morrendo aos poucos", diz Glauco
Kimura, da WWF.
O uso intensivo do solo para a pecuária teve
alto impacto por causa da baixa tecnologia utilizada pelos produtores de gado
locais, que não têm acesso a técnicas modernas de manejo. Utilizando modos
rudimentares, enfraqueceram ainda mais o solo já deficiente da região. Com
isso, provocaram grandes cicatrizes chamadas voçorocas - termo científico para
as erosões que atingem o lençol freático.
O assoreamento se estendeu aos outros pontos
e prejudicou a fauna e a flora de todo o Rio Taquari - plantações ribeirinhas
foram afogadas e algumas espécies de peixes, impedidas de se reproduzir.
Segundo pesquisas, em uma década, o Rio Taquari diminuiu de 485 toneladas para
62 toneladas o volume de pescado. A estimativa é de que o total de áreas
inundada chegue a 11 mil quilômetros quadrados (mais de 1 milhão de hectares).
"A degradação do Alto Taquari se
intensificou desde o começo da década passada, mas o rio levou 30 anos para
morrer. Outros rios podem demorar mais por ter uma melhor qualidade de solo,
mas essa situação pode se repetir", afirma Kimura.
"O Pantanal é como um prato, pois é uma
região plana e baixa. Mas o que ocorre na borda reflete no centro. Por isso, no
fundo do prato pode estar tudo bonito, mas, quando se vê as nascentes, a
situação é alarmante." (OESP)
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