Você acha que um copo plástico é apenas um copo
plástico?
Ontem fui ao
laboratório fazer exames de saúde. Após ter as ampolas de sangue recolhidas, e
esfomeado por horas de jejum, resolvi visitar a lanchonete do local. Ao meu
lado, uma mãe de cabelos brancos e quem parecia ser seu filho, barbudo, uns 40
anos, também se sentavam para comer. Entre uma golada e outra de café, reparei
no comportamento do rapaz quando se levantou para pegar mais suco. Em vez de um
copo plástico, ele trouxe dois, um embaixo do outro – o que nem se justificava
para aplacar uma eventual temperatura muito quente. Ao fim daquele lanche
rápido, o que deveriam ser dois copos eram, na verdade, oito.
É muito possível que
o meu companheiro de cantina não tenha consciência de que ele colaborou para
que exista quatro vezes mais petróleo extraído das profundezas de nosso
planeta; quatro vezes mais coleta de lixo; quatro vezes mais desperdício de energia
para recolhê-lo; lixões quatro vezes mais abarrotados; quatro vezes menos tempo
de vida para a Terra. Hoje, ainda não é possível responsabilizá-lo. Isso porque
até agora, a humanidade seguiu os princípios da abundância para se firmar
enquanto espécie. Ainda não conseguimos perceber que a água está acabando
porque hoje ela escorre de forma abundante em nossos chuveiros, tanques e
torneiras. Mas dentro de 20 anos, a demanda por água será 40% maior do que a
sua oferta. Daqui para frente, portanto, é preciso adotar um princípio de vida
exatamente oposto se quisermos sobreviver enquanto espécie: o da escassez.
Todos os dias, 250
mil bebês nascem em todo o mundo, enquanto a média de mortes gira em torno de
150 mil. No último Dia das Bruxas, a Terra ultrapassou a marca dos 7 bilhões de
habitantes. Até 2100, segundo o último relatório do Fundo de População das
Nações Unidas, devemos passar dos 10 bilhões e até chegar perto dos 15. Esses
dados são alarmantes se pensarmos que, apenas com o número de moradores atual,
o planeta demora 18 meses para repor os recursos consumidos em 12 meses. E
pouca gente sabe que a elevação da temperatura global, causada pelo incessante
envio de CO2 à atmosfera, está diretamente ligada à uma possível
falta de alimentos para a população terrestre no futuro. Se o clima médio do
planeta ficar 5,8 graus mais quente nos próximos cem anos, conforme foi
previsto pelo Painel Intergovernamental de Mudanças Climáticas da ONU, as
plantações de arroz, soja e milho serão reduzidas pela metade. Essa quantidade
de comida pode ter que ser suficiente para alimentar o dobro de indivíduos que
existem agora.
Para cada quilo de
plástico produzido, seis quilos de CO2 são liberados na atmosfera.
Tudo está interligado em uma mesma lógica ambiental que funciona de forma
praticamente matemática e explica por que o meu companheiro de cantina não tem
o direito de pegar oito copos diferentes para beber o mesmo suco com a sua mãe.
Fazendo isso, ele está cooperando para que a crise mais séria de fome que a
humanidade já enfrentou até o presente momento realmente exista. Ele está
colaborando, sem saber, para que o derretimento das geleiras promova desastres
ecológicos que podem fazer cidades inteiras sumirem para sempre. E para que as
crianças que nasçam daqui a cem anos encontrem um planeta muito menos habitável
do que é a Terra hoje.
Você já jogou fora a
garrafinha de água mineral que comprou na rua hoje? Se não, guarde-a na bolsa e
encha em casa. Não é isso que vai salvar o planeta, mas acredite: é uma bela
ajuda. (EcoDebate)
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