Cientistas alertam para derretimento da plataforma de gelo
de Ross, a maior da Antártida
Aquecimento global
pode fazer plataforma de Ross (Ross Ice Shelf) desmoronar, elevando o nível dos
oceanos e levando à transferência da população para terrenos mais elevados.
Nancy Bertler e sua
equipe levaram um freezer ao lugar mais frio da Terra, enfrentaram semanas em
um modo de vida primitivo e arriscaram passar o inverno na escuridão antártica
para buscar gelo – gelo que registra o passado do nosso clima e pode apontar
para o seu futuro.
Os cientistas
perfuram centenas de amostras de gelo na ilha Roosevelt, na Antártida. As
amostras, que podem totalizar 150 mil anos de neve, quase não resistiram à
viagem de barco até a Nova Zelândia devido a uma queda de energia. A
pesquisadora espera que o material permita estimar por quanto tempo a
plataforma de gelo Ross (a maior do mundo) duraria no ritmo atual das mudanças
climáticas antes de desmoronar.
Evidências apontam
que a camada de gelo conta com sedimento marinho formado recentemente – em
termos geológicos, avaliado em milhares de anos. Isso elevaria as suspeitas de
que a plataforma de gelo pode sucumbir novamente caso as temperaturas globais
continuem subindo, desencadeando uma série de eventos que levaria ao aumento do
nível dos oceanos ao redor do planeta.
“Do ponto de vista
científico, isso é muito animador. Do ponto de vista pessoal, é muito
assustador”, afirmou Bertler, pesquisadora da Universidade Victoria de
Wellington.
A plataforma de gelo
funciona como uma barreira natural que protege imensas quantidades do material
na Antártida Ocidental, e esse gelo pode cair no oceano caso a plataforma
desmorone. Cientistas dizem que a Antártida Ocidental tem gelo o suficiente
para aumentar o nível dos mares entre dois e seis metros, se partes
significativas desabassem.
Na pior das
hipóteses, esse processo levaria pelo menos 500 anos. A descoberta de sedimento
pode indicar, porém, que uma parte importante da plataforma de gelo está
ameaçada de ficar novamente instável – e as consequências do derretimento de
gelo na Antártida Ocidental seriam “enormes”.
A equipe espera que o
material recuperado contribua para que se estime, até o final de 2013, se vai
levar 50 ou 500 anos para a plataforma de gelo ruir, no ritmo atual de mudanças
climáticas. Essa descoberta devem fornecer informações importantes para a
política – já que, segundo a cientista Nancy Bertler, podem ter de decidir se
deverão ser construídos grandes diques ou se vai ser necessário mover as
populações para terrenos mais elevados. (EcoDebate)
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