sexta-feira, 9 de agosto de 2013

Pegada Ecológica e declínio da biocapacidade

A Footprint Network apresenta duas medidas úteis para se avaliar o impacto humano sobre o meio ambiente e a disponibilidade de “capital natural” do mundo. A Pegada Ecológica serve para avaliar o impacto que o ser humano exerce sobre a biosfera. A Biocapacidade avalia o montante de terra e água, biologicamente produtivo, para prover bens e serviços do ecossistema à demanda humana por consumo, sendo equivalente à capacidade regenerativa da natureza.
A pegada ecológica per capita do mundo, em 1961, era de 2,4 hectares globais (gha) e a biocapacidade per capita era de 3,7 gha. Para uma população de 3,1 bilhões de habitantes, o impacto global do ser humano era de 7,2 bilhões de gha, representando apenas 63% dos 11,5 bilhões de hectares globais disponíveis naquele momento. Portanto, havia um superávit ou reserva ecológica não utilizada no mundo.
A reserva ecológica foi sendo reduzida na medida em que cresciam a população e a economia. Em 1975, a pegada ecológica per capita ficou em 2,8 gha para uma biocapacidade de 2,9 gha. Como a população mundial chegou a 4,1 bilhões de habitantes, o impacto antrópico ficou em 11,2 gha para uma biocapacidade total de 11,6, representando um pequeno superávit ambiental de 3,3%.
Mas na segunda metade da década de 1970 toda a reserva ambiental já havia sido consumida e o superávit ecológico se transformou em déficit. Em 1980, a pegada ecológica per capita se manteve nos mesmos 2,8 gha, mas houve redução da biocapacidade para 2,6 gha. Para um população de 4,4 bilhões de habitantes, o impacto global do ser humano foi de 12,3 bilhões de gha, atingindo 105,8% dos 11,5 bilhões de hectares globais da biocapacidade.
Nas últimas 3 décadas, a pegada ecológica per capita até diminuiu um pouquinho e chegou a 2,7 gha, em 2007. Mas a biocapacidade per capita caiu em ritmo bem acelerado, chegando a 1,8 gha, em 2007. Com o acelerado crescimento da população mundial que chegou a 6,7 bilhões de habitantes, em 2007, o impacto global atingiu 17,9 bilhões de hectares globais (gha). Como o mundo tinha apenas 11,9 bilhões de gha de terras e águas bioprodutivas, isto significou um déficit ecológico de 50%. Ou dito de outra forma, a humanidade estava gastando em 1 ano o que a capacidade regenerativada natureza só repunha em um ano e meio.
Evidentemente, este caminho é insustentável. A humanidade só consegue manter seu modelo de produção e consumo devido à herança acumulada no passado no seio da Mãe Terra (Pachamama). Ao sobredimensionar as atividades antrópicas, o ser humano está esgotando as reservas de combustíveis fósseis, que são fontes energéticas criadas a milhões de anos pela decomposição de material orgânico. Está também desmatando as florestas, sobreutilizando as fontes de água limpa, reduzindo os estoques de peixe e zerando diversos recursos naturais. Existe um processo de vandalização do meio ambiente.
Desta forma, para evitar o colapso ambiental nos anos vindouros, será preciso, por um lado, estabilizar o tamanho da população e, por outro, diminuir o impacto do padrão de consumo médio da humanidade (o que vai requerer redução das desigualdades sociais e de renda). A humanidade precisa sair do vermelho do déficit ecológico e voltar para o verde do superávit ambiental, resgatando as reservas naturais. (EcoDebate)

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