Aumento da temperatura do
planeta pode afetar abastecimento de água, mostra IPCC
Chefe do Centro de Ciência do
Sistema Terrestre do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (INPE) e um dos
autores do Quinto Relatório de Avaliação (AR5) do Painel Intergovernamental
sobre Mudanças Climáticas (IPCC), José Marengo, apresenta relatório no Rio de
Janeiro.
O aumento da temperatura do planeta e consequente elevação do nível do mar pode salinizar os lençóis freáticos, prejudicando o abastecimento de água. Já o degelo das calotas polares pode produzir o fenômeno inverso.
O aumento da temperatura do planeta e consequente elevação do nível do mar pode salinizar os lençóis freáticos, prejudicando o abastecimento de água. Já o degelo das calotas polares pode produzir o fenômeno inverso.
É o
que explica o chefe do Centro de Ciência do Sistema Terrestre do Instituto
Nacional de Pesquisas Espaciais (INPE) e um dos autores do Quinto Relatório de
Avaliação (AR5) do Painel Intergovernamental sobre Mudanças Climáticas (IPCC),
José Marengo
“Normalmente,
as correntes oceânicas transportam energia de regiões tropicais para regiões
mais ao norte, ou seja, calor. Se isto é cortado, basicamente permite que o
trópico continue quente e o norte congele. Como se corta isso? Pela salinidade.
As águas se movem de uma região de maior salinidade para uma de menor
salinidade. Tem que ter diferenças de salinidade. Mas se toda a Groenlândia se
derrete, água doce dentro de um oceano salgado, a salinidade cai. Todos ficam
com a mesma salinidade, então a água não se movimenta, fica meio estancada”,
explica o professor, ressaltando que esse é um cenário que pode acontecer em
longo prazo, assim como a savanização da Amazônia.
Com
o nível do mar mais alto, as ondas podem se aproximar mais das cidades,
especialmente quando se tem um furacão. Lembrando o Katrina, que atingiu Nova
Orleans em 2005, Marengo afirma que nem os países mais desenvolvidos estão
preparados para esse tipo de acontecimento.
O “Resumo
para Formuladores de Políticas” do AR5, apresentado por Marengo nesta
terça-feira (8) no Centro de Informação das Nações Unidas para o Brasil (UNIC
Rio) – o documento “Mudança Climática 2013: a Base das Ciências Físicas” foi divulgado na Suécia
no fim de setembro – mostra que a que a temperatura da superfície global pode
aumentar 1,5°C no fim do século 21 em um cenário mais brando. Em cenários mais
preocupantes, poderá elevar 2°C, superando o limite considerado seguro pelos
especialistas.
O
documento destaca que há mais de 95% de probabilidade
que a ação humana causou mais da metade da elevação média da temperatura entre
1951 e 2010.
Segundo Marengo, o aquecimento global é um fenômeno natural, mas que o homem o
acelera, intensificando o problema.
No
período destacado, o nível dos oceanos aumentou 19 centímetros. Os cenários
avaliados pelo IPCC projetam aumento entre 53 e 98 centímetros até 2100.
O
que se vê hoje, diz o cientista, é um esfriamento das águas de superfície e o
aquecimento nos níveis mais profundos, abaixo de 700 metros. O documento
destaca ainda o aumento da acidez dos oceanos relacionado ao calor. Marengo
afirma que a alteração do pH já causou danos irreversíveis, por exemplo, a
corais do Caribe – que esbranquiçaram, alternando o ecossistema marinho.
O
caminho para conter o aquecimento é reduzir a emissão de gases de efeito
estufa, por exemplo, diminuindo a frota de veículos e o uso de termelétricas. O
pesquisador destaca que, mesmo que todas as fábricas do mundo fossem fechadas
hoje, os efeitos da produção de gás carbônico ainda seriam sentidos por 20
anos.
Os
resultados científicos das análises do IPCC compõem o documento preparado pelo
Grupo de Trabalho I. Já os resultados do Grupo de Trabalho II – que avalia as
vulnerabilidades sócio-econômicas, consequências e adaptações necessárias –
serão divulgados no Japão em março de 2014. O Grupo de Trabalho III apresentará
medidas de mitigação na Alemanha no mês seguinte. A síntese do relatório será
publicada em outubro do ano que vem na Dinamarca. (EcoDebate)
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