O Brasil teve um
grande avanço na redução de emissões de gases de efeito estufa e, por outro
lado, precisa se preparar para mudanças já inevitáveis no clima e suas
consequências. A avaliação é do secretário de Políticas e Programas de Pesquisa
e Desenvolvimento do Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovação (MCTI), Carlos
Nobre, que participou da divulgação do sumário executivo do Primeiro Relatório
de Avaliação do Painel Brasileiro de Mudanças Climáticas
“O país avançou muito
na redução nas emissões nos últimos sete anos, como mostram as estimativas.
Houve também uma queda no desmatamento na Amazônia e no Cerrado”, observa.
“Precisamos avançar mais é no conhecimento para políticas públicas de adaptação
em cada setor – agricultura, zona costeira, agricultura, recursos hídricos,
cidades, saúde”, diz Nobre, que é o atual presidente do painel, também
conhecido pela sigla PBMC.
“O conhecimento
científico é fundamental, é o primeiro passo”, comenta. “E a aplicação dos
conhecimentos exige uma nova mentalidade, voltada à inovação, a novas maneiras
de implementar políticas. Isso dirigido não só à economia, mas à sociedade, e
com proteção ao meio ambiente, aos biomas, à nossa biodiversidade.” Para Nobre,
há muito espaço para inovação no sentido de tornar o país mais resiliente, ou
seja, capaz de se adaptar e retomar o equilíbrio diante dos impactos.
Na avaliação do
representante do MCTI, o relatório traz muitas informações relevantes para
guiar ações e programas. “Principalmente no momento em que o governo federal
está revisando o Plano Nacional sobre Mudança do Clima”, lembra. O sumário do
documento foi divulgado na 1ª Conferência Nacional de Mudanças Climáticas
Globais, em São Paulo.
O PMBC envolve
cientistas de numerosas instituições sob uma metodologia similar à do Painel
Intergovernamental de Mudanças Climáticas (IPCC, na sigla em inglês). Seu papel
é reunir, sintetizar e avaliar informações científicas sobre as mudanças
climáticas e seus impactos no Brasil. A iniciativa é do MCTI e do Ministério do
Meio Ambiente (MMA).
Previsões
Carlos Nobre destaca
como “bastante preocupantes” as tendências previstas até o fim do século para o
território nacional, como o aumento de temperatura em todas as regiões –
geralmente entre 3 e 5 graus Celsius –; a diminuição da disponibilidade de água
e a ocorrência de secas mais severas no Semiárido; uma maior sazonalizade no
Brasil central, com estações mais delimitadas e agravamento das queimadas; e
aumento do nível do mar, entre 0,5 e 1 metro, ao longo da costa.
Ao lado de lacunas no
conhecimento, o sumário aponta constatações. “As mudanças no padrão de
temperatura são visíveis. O padrão brasileiro subiu entre 0,5 e 1 graus Celsius
nos últimos 50 anos, o que é compatível com o verificado globalmente”, aponta o
secretário. “Nas cidades, isso se dá com muito mais intensidade, o que é um
efeito adicional da urbanização. Em São Paulo, o aumento foi de cerca de 3
graus nos últimos 60 anos além do aquecimento global.” No que diz respeito às
chuvas, ele pondera que as alterações ainda não estão totalmente claras, mas se
sabe que as intensas estão ficando mais intensas.
Na manhã de hoje,
foram apresentados também os primeiros resultados do Modelo Brasileiro do
Sistema Terrestre, coordenado pelo Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais
(Inpe/MCTI). Foram concluídas simulações de cenário para os próximos 50 anos e,
segundo Nobre, muito em breve estarão concluídas as projeções para as cinco
décadas seguintes. O próximo relatório do PBMC deve usar os resultados do
modelo.
“É importante que o
país tenha autonomia para elaborar esses cenários”, diz. “Com esse passo, temos
uma ferramenta que permite antecipar prováveis impactos sobre nossas áreas de
interesse mais direto – a América do Sul, o Atlântico, o Pacífico.” (EcoDebate)
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