Acaba de sair um
relatório das Nações Unidas sobre o desperdício mundial de alimento.
Os números chocam até
mesmo os que cresceram ouvindo que não pode deixar comida no prato porque as
criancinhas da África não têm o que comer.
Anualmente, um bilhão
de toneladas de alimento é jogado no lixo. Isto não é uma ofensa somente para
os 900 milhões de pessoas que todo dia dormem com fome.
A produção de
alimento consome recursos naturais, especialmente da maneira como é feita hoje.
É água consumida para manter as plantas, são fertilizantes e agrotóxicos que
degradam a qualidade de rios e lagos, combustíveis fósseis para tocar máquinas,
manter estoques em silos, energia elétrica para refrigeração, tudo isto para no
fim criar lixo, que muitas vezes nem é reaproveitado e irá ocupar espaço em
lixões e aterros.
Apesar do discurso
agrícola que a planta não consome água, que só a transferiria para a atmosfera,
o fato é que água líquida serve para muito mais finalidades que o vapor de
água. A água perdida para produzir estes alimentos desperdiçados equivale a
cada ano, a um Rio Volga, que não é nenhum ribeirão.
Os mais de 3 bi de
toneladas de carbono emitidas a cada ano para produzir este alimento
desperdiçado só ficam atrás da emissão de EUA e China.
Entre os muitos
culpados deste problema, está justamente o barateamento do alimento relativo à
renda das famílias, fundamental para reduzir a fome no mundo, mas que também
estimula o desperdício. A urbanização também estimula o desperdício de alimento
não só pelo afastamento dos pontos de produção e aumento de complexidade na
estrutura de transporte, mas também porque na cidade mais pessoas vivem a
plenitude do que o economista David Ricardo chamou de “vantagem comparativa” no
século 18; as pessoas trabalham no que lhes dá mais lucro e terceirizam outras
atividades, como a produção e preparo de alimento.
Se você regar um pé
de tomate, quererá comer cada um deles. David Ricardo não percebeu, no mundo
ainda infinito em que vivia, que um mundo de especialistas é também um mundo de
desperdício. (EcoDebate)
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