Poluição em
Beijing
Tenho dependido cada
vez mais da mídia internacional por causa do número crescente de matérias
enviesadas por aqui. Da mídia esperava somente equilíbrio, mas desculpem a
digressão.
A capa da “The
Economist” desta semana é sobre a limpeza da China. Uma interessante analogia é
construída por esta revista conservadora (sem viés mesmo não existe, esta ao
menos é bem fundamentada).
A Inglaterra passou
pelo fundo do poço no século 19, quando a coisa estava preta em Londres.
Tomaram jeito quando a água chegou às orelhas. Os Estados Unidos também tiveram
sua epifania quando um rio pegou fogo em Ohio. Também tiveram tambores de
resíduos emergindo do solo, como zumbis, em Love Channel-Nova York. Nós tivemos
as maiores taxas de anencefalia em Cubatão-SP nos anos 70 e 80 e ao menos
criamos agências ambientais.
A China estaria
passando por seu momento “fundo do poço”.
O único caminho
possível para melhorar o ambiente nas altas esferas são os governos, porque
acima deles não há como cumprir acordos. Quando um governo se propõe a limpar,
tem o poder de prender infratores, mas países infratores não sofrem sanções.
Países também têm
mais ou menos pessoas. É enviesado chamar a China de pior poluidor do mundo,
esquecendo que lá vivem 4 vezes mais pessoas que nos EUA, segundo lugar.
Discutir países e
seus números é também enviesado porque médias escondem variação. Nos EUA
conheci mais pessoas que abdicaram de consumir, do que aqui (meus amigos não
são médios, nem lá, nem cá). Está além da minha e da sua capacidade mudarmos
países, mas pessoas são conversáveis, desde que não fujamos ao diálogo…
Não há solução se não
mudarmos nosso modo de vida e isto passa pelo exemplo. 7% da população mundial
emitem a metade do carbono mundial. Grande parte dos outros 93% estão
desperdiçando suas vidas tentando entrar neste clube, do qual aliás, participamos
eu e muitos de vocês.
Quem são, além do
raro exemplo do Presidente do Uruguai, os exemplos que podem consumir, mas não
o fazem? Algum dia vai mudar o viés pró-consumo da mídia nacional? (EcoDebate)
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