quinta-feira, 17 de outubro de 2013

Rio de Janeiro é suscetível às mudanças do clima

Município do Rio de Janeiro é o mais suscetível a sofrer os impactos das mudanças do clima
O aumento de eventos climáticos, como as tempestades tropicais, as secas ou as ondas de calor, é um dos indícios das mudanças do clima sentidas em diversas partes do planeta. Segundo especialistas, se a liberação de gases do efeito estufa na atmosfera, como o gás carbônico, permanecer de forma continuada, o cenário mundial tende a ser agravado. No Estado do Rio de Janeiro, estas alterações climáticas podem ser observadas, dentre outros aspectos, na elevação da ocorrência de catástrofes naturais, como as chuvas mais intensas – que resultam em inundações e alagamentos – além de problemas de saúde da população, tais como o crescimento do número de casos de dengue e leptospirose, bem como o número de mortes ocasionadas pela intensificação destas chuvas. Atentos a essa realidade, pesquisadores do Instituto Oswaldo Cruz (IOC/Fiocruz), em parceria com colegas da Escola Nacional de Saúde Pública Sérgio Arouca (Ensp/Fiocruz) e da Fiocruz Minas, desenvolveram o Mapa de vulnerabilidade da população dos municípios do Estado do Rio de Janeiro frente às mudanças climáticas. A iniciativa, que teve seus resultados anunciados na manhã de 08/08/13, tem como objetivo indicar a exposição dos municípios do Rio de Janeiro às mudanças climáticas previstas para os próximos 30 anos.
De acordo com a coordenadora-geral do projeto e pesquisadora em clima do IOC, Martha Barata, o mapa foi estabelecido a partir do Índice de Vulnerabilidade Municipal (IVM) às mudanças do clima. “Este índice é resultado da agregação do Índice de Cenários Climáticos (ICC/RJ) e do Índice de Vulnerabilidade Geral (IVG), formados por componentes de saúde, ambiental e social, como, por exemplo, o número de doenças infecciosas influenciadas pelo clima, as características de cobertura vegetal e da fauna, além do acesso a trabalho, habitação e renda”, explica. Os índices são apresentados em uma escala que varia de zero (0) a um (1), atribuídos aos municípios com menor ou maior vulnerabilidade, respectivamente. O estudo, realizado pela Fiocruz a partir de demanda da Vice-Presidência de Ambiente, Atenção e Promoção da Saúde, é resultado da atualização do Mapa de Vulnerabilidade da população do Estado do Rio de Janeiro aos impactos das mudanças climáticas nas áreas social, da saúde e ambiental, encomendado pela Secretaria de Estado e Ambiente do Estado do Rio de Janeiro em 2011.
Resultados
O índice de vulnerabilidade municipal classifica os municípios quanto ao grau de atenção que terá que ser dado frente às esperadas mudanças climáticas. Para o cenário climático mais pessimista, ou seja, com maiores emissões de gases do efeito estufa, foi identificado no conjunto de municípios da Macrorregião Metropolitana do Rio de Janeiro e o seu entorno como o mais suscetível de sofrer os impactos do clima. “Em relação aos demais municípios do estado, a população do município do Rio está entre os mais vulneráveis. Isso acontece em face aos seus elevados  índices de vulnerabilidade da saúde e do ambiente quando  comparado ao dos demais municípios do estado”, destaca. “A cidade de Niterói apresenta o menor índice de vulnerabilidade social. No entanto, o IVG é elevado em face a maior vulnerabilidade da saúde e do ambiente”, assinala.
O estudo aponta, ainda, que os municípios de Magé e Campos dos Goytacazes também apresentam  vulnerabilidade acima de 0,50, que é a média estadual, para os três indicadores que compoem o IVG. “Estes resultados mostram a relevância de ações integradas nos setores da saúde, social e ambiental para a promoção da resiliência da população municipal”, ressalta a pesquisadora. Já o município de Nilópolis apresentou-se como o menos vulnerável na escala, seguido de São Pedro da Aldeia (localizado na Macrorregião das Baixadas Litorâneas) e Volta Redonda (Macrorregião Sul-Fluminense), que também apresentaram baixa vulnerabilidade para três indicadores.
A especialista alerta, no entanto, que o baixo índice apresentado por determinados municípios não significa a ausência de risco. “O fato de o município ter recebido valor zero (0) para o IVM indica que este índice é o menor dentre todos os municípios, assim como o valor um (1) não significa que o município seja o mais vulnerável, mas que há uma instabilidade relativamente maior que os demais, devendo ser, portanto, objeto de atenção prioritária na implantação de políticas, planos e programas de adaptação à mudança climática”, afirma. Os municípios da Macrorregião Costa Verde, como Angra dos Reis e Paraty, e da Macrorregião Serrana, como Petrópolis e Teresópolis, por sua vez, destacam-se pela elevada vulnerabilidade ambiental. “Estas Macrorregiões devem estar atentas aos cuidados necessários para a proteção das florestas”, diz.
A especialista destacou a importância do estudo para a orientação de políticas públicas, a fim de apoiar as decisões estratégicas de adaptação aos efeitos projetados das mudanças do clima. “Este conjunto de informações permite a identificação desse ‘hostpot’ metropolitano, mas os indicadores parciais também podem ser utilizados para a orientação de políticas setoriais, sejam de saúde, socioeconômicas ou de proteção ambiental”, conclui.
Mapas de Vulnerabilidade
A composição do Índice de Vulnerabilidade Geral (IVG) considerou os setores reconhecidamente vulneráveis aos impactos das mudanças climáticas e que se relacionam, direta ou indiretamente, com a saúde da população humana. No Índice de Vulnerabilidade da Saúde (IVSp) foram analisados dados relativos às principais categorias de agravos que são notificados obrigatoriamente por parte do setor de saúde no Estado e que, historicamente, têm sido, em grande parte, determinados pela variabilidade do clima: as doenças infecciosas endêmicas, como a dengue, leptospirose, leishmaniose tegumentar americana e pela mortalidade de crianças menores de cinco anos por diarreia.
No Índice de Vulnerabilidade Social (IVSop), que utilizou como bases os dados do Censo Demográfico 2010 do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), foram estudadas características como estrutura familiar, educação, renda e disponibilidade de infraestrutura, a fim de identificar os municípios com menor ou maior capacidade de fornecer uma resposta social às adversidades e a possíveis impactos das mudanças do clima.
No Índice de Vulnerabilidade Ambiental (IVAMp) foram analisados os setores suscetíveis a mudança do clima, a exemplo da cobertura vegetal e respectiva diversidade biológica, que apresentam relação com a saúde e  propiciam serviços ambientais que beneficiam  a população humana, contribuindo para o seu bem-estar e, em última instância, sua saúde. (EcoDebate)

Nenhum comentário:

Ondas de calor devem diminuir em 2025

Ondas de calor devem diminuir em 2025, aponta Climatempo. O pico de emissões em 2025 é uma boa notícia, decerto, mas a física é implacável...