Le Monte destaca alta de 28% no desmatamento da Amazônia
O jornal francês Le
Monde demonstra preocupação com a “real inversão da tendência” no desmatamento
na Amazônia. Em sua edição dupla o respeitado
diário observa que a alta de 28% no desflorestamento, num total de 5.843 Km2,
equivale a uma área semelhante ao departamento francês de Corrèze, no centro do
país.
Os números foram
divulgados pelo Inpe (Instituto Nacional de Pesquisas
Espaciais), e atestam que, após quatro anos de queda, o desmatamento voltou
novamente a subir, como já indicavam cientistas e defensores do meio ambiente
ao longo do ano. Nos últimos 10 anos, diz, a diminuição total foi de 80%. O
jornal lembra que, em 2012, os dados indicavam “a menor redução” da Amazônia
“da história recente”.
O correspondente
Nicolas Bourcier destaca que a inversão da tendência “coincide com a entrada em
vigor do novo Código Florestal”, promulgado em maio de 2012 pela presidente
Dilma Rousseff. “O poderoso lobby dos representantes do setor agrícola no
Parlamento, os ruralistas, tinha pesado com tudo para aliviar o Código
Florestal original, adotado em 1965 e considerado um dos mais rigorosos no
mundo”, afirma o texto.
Ao jornalista
francês, o coordenador da campanha Amazônia do Greenpeace, Marcio Astrini,
disse que “houve um acerto com os ruralistas e nós acordamos com uma alta do
desmatamento”. Já o especialista do Instituto Imazon Paulo Barreto ressaltou
que, além da aprovação do novo código, “a redução das zonas protegidas e o
aumento das obras de infraestrutura” também explicam a alta.
Ministra acusa crime
organizado
Para a ministra do
Meio Ambiente, entretanto, a relação entre o novo Código Florestal e a elevação
do desflorestamento é “irresponsável”, observa o Le Monde. Ela sublinhou que o
texto aprovado trouxe novos instrumentos jurídicos para controlar a utilização
das terras.
Na opinião de
Teixeira, os números refletem a cumplicidade entre alguns Estados e os
proprietários de terras. “Tem o crime organizado e as pessoas que acobertam as
suas atividades. Como os governos podem não ver atividades de desmatamento que
se espalham em áreas de 1.000 hectares?”, questionou a ministra.
O jornal lembra que
uma “reunião de emergência” com os secretários do Meio Ambiente de Estados
amazônicos foi marcada para o final de novembro para tratar do assunto.
(ecodebate)
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