Concentrações de CO2 tem nível mais alto em 800
mil anos
Ainda há como evitar o desastre?
Estados
Unidos e China, os dois maiores poluidores do mundo, anunciaram em meados deste
mês um acordo importante na luta contra a mudança do clima. Os dois países
disseram que iriam acelerar ações neste sentido com cooperação em tecnologia,
pesquisa, conservação e energia alternativa e renovável.
Em uma
declaração conjunta, as duas nações afirmaram que “consideram o consenso
científico esmagador em relação à mudança do clima uma convocação obrigatória à
ação.” Ela reconhece que “a necessidade urgente de intensificar os esforços de
redução das emissões de gases estufa é mais crucial que nunca.”
A
mudança do clima provocada pelo homem, segundo os países, está tendo efeitos
“que pioram, como o notável aumento de temperaturas globais médias no último
século, a alarmante acidificação de nossos oceanos, a rápida perda do gelo do
Ártico e a chocante incidência de eventos extremos do tempo ocorrendo em todo o
mundo.”
Os
detalhes do acordo serão trabalhados em um encontro estratégico e econômico dos
dois países em julho. Tanto a China quanto os EUA já colhem frutos de políticas
de contenção de emissões, e as conversações poderão impactar projetos
controvertidos, como a construção do oleoduto Keystone XL, que levaria petróleo
de areias betuminosas do Canadá até refinarias no Texas, com enormes riscos
ambientais – e que triplicariam as emissões canadenses até 2020.
Existe
outro acordo em andamento entre EUA e Japão. O negociador do clima dos EUA,
Todd Stern, pretende criar uma espécie de mesa redonda dos maiores poluidores
regionais para mapear ações, evitando a enrolada geopolítica da
Convenção-Quadro Sobre a Mudança do Clima. Este grupo essencialmente imporia um
acordo global ao resto do mundo, e ele incluiria, além de EUA, Japão e China,
Brasil, Índia e África do Sul.
Até
aí, tudo bem. De resto, como o mundo está se virando para evitar um desastre?
“Pelos indicadores físicos mais brutos, não estamos fazendo nosso dever, como
planeta” diz Alden Meyer, diretor da Union of Concerned Scientists, sobre o
aumento constante dos níveis atmosféricos de CO2. “Mas há boas
notícias no fato de que alguns países estão avançando com estratégias
domésticas para o corte de emissões. Está sendo rápido o bastante? não. Mas
está melhor que os ‘negócios de costume’? Sim.”
As
concentrações de CO2 atingiram seu nível mais alto em pelo menos 800
mil anos, chegando a 395 moléculas de CO2 para cada milhão de
moléculas de todos os gases na atmosfera (395 partes por milhão, ou ppm),
ou 45% a 50% mais altas que nos níveis pré-industriais.
Durante
grande parte da última década, pesquisadores e negociadores do clima focaram em
450 ppm como meta de estabilização. Chegar a isto, acreditavam eles,
significaria uma chance de 50% de segurar o aquecimento global em menos de 2Cº
até o final do século, uma elevação considerada como um limiar de segurança.
Mas há
cinco anos, o cientista do clima James Hansen e colegas publicaram um estudo
sobre as alterações que o aquecimento global já estava trazendo e apontaram
para 300 a 350 ppm como meta mais provável para evitar os piores efeitos da
mudança do clima, lembra o Christian Science Monitor. Se eles estiverem certos,
o controle da temperatura vai ser muito mais difícil. E, recentemente, o Global
Carbon Project relatou que as emissões de CO2 estão crescendo quase
na taxa mais alta projetada pelo Painel Intergovernamental Sobre a Mudança do
Clima, da ONU. O tempo, diz Meyer, está acabando. (abril)
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