terça-feira, 11 de fevereiro de 2014

‘Humanização’ das cidades do futuro

Especialistas antecipam ‘humanização’ das cidades do futuro

Turistas posam com a Torre Eiffel ao fundo, em Paris.
A cidade do futuro deve se concentrar no ser humano, em vez dos interesses determinados pelo mercado, que levam a cidades desequilibradas, advertiu em 30/01/14 um painel de especialistas reunido em Paris para preparar o Fórum Urbano Mundial, previsto para abril em Medellín (Colômbia).
Presidido pelo sociólogo e filósofo francês Edgar Morin, autor do livro "A Via para o Futuro da Humanidade", o painel discutiu o texto de uma carta de Medellín que será apresentada à comunidade internacional na cidade colombiana.
Catorze mil participantes de 160 países, incluindo 30 chefes de Estado ou de governo, confirmaram sua participação no Fórum Mundial de Medellín, uma prévia da cúpula da ONU Habitat III sobre moradia e desenvolvimento, prevista para 2016.
Durante os cinco dias do fórum, de 5 a 11 de abril, haverá ainda 236 eventos acadêmicos e uma assembleia mundial de jovens, entre outros.
"As cidades do futuro terão que ser humanizadas ou não teremos futuro", disse à AFP o diretor acadêmico do Fórum Urbano Mundial, Gustavo López.
Segundo ele, em Paris serão discutidas "as grandes ideias do momento que estão orientando a visão das grandes cidades do mundo".
"A ideia fundamental é a de que as cidades do futuro permitam uma vida digna para todos e onde se fortaleçam as ideias de igualdade, inclusão e coesão social", afirmou.
Participaram também do debate Sabbah Aboussalam (Universidade de Rabat), Herve Marchal (Nancy 2), Michel Lussault (ENS-Lyon), Michel Agier (Paris-Leste), Gerard Perreau-Bezouille (França) e Luciano Garrido (Roma).
"Houve uma chuva de ideias; é gente que está pensando as cidades e as reformas que devem ser feitas neste século", explicou López.
O secretário-geral da ONU, Ban Ki-moon, apresentou no ano passado um relatório sobre a agenda mundial para o desenvolvimento e a nova agenda mundial urbana para o Habitat III, uma conferência realizada a cada 20 anos.
Antes do evento em Medellín, o encontro de especialistas em Paris permitiu explorar as principais ideias que estão sendo discutidas em termos de cenários urbanos de futuro.
Segundo Gustavo López, estima-se que 70% da Humanidade estará em um ambiente urbano até 2050. Mas as cidades do futuro "têm que ser pensadas com a aceitação de que o rural entrará no urbano".
"Não podemos pensar nas cidades do futuro sem termos uma ideia clara do que hoje chamamos de rural. Hoje está acontecendo uma volta das pessoas da cidade para o meio rural em todos os países desenvolvidos. Está havendo uma tomada de ar novo", assegurou.
Os especialistas destacaram, ainda, que também está mudando a noção de moradia. "Em décadas passadas, tudo se criava em torno das construções de moradia. Hoje, o que se busca é ter um habitat social, que ofereça todos os serviços integrais que permitam que o ser humano e as cidades se humanizem".
Outro aspecto destacado pelos especialistas e acadêmicos foi o das chamadas "sociedades de tempo livre". "O ser humano terá muitas horas livres e as cidades não foram criadas para sociedades com tempo livre. Precisamos de mais espaços públicos, onde as pessoas possam se encontrar, se reconhecer e possam criar uma solidariedade mais apropriada que hoje não temos, porque o mercado é o que nos guia e o mercado não nos dá isso", disse López.
"A grande ideia é resgatar o ser humano do mercado - porque este o roubou - e voltar a concentrar nossas preocupações nele e não em noções de competitividade que nos levam a sociedades injustas e desequilibradas", concluiu. (yahoo)


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