Onda de frio na América do Norte pode ser resultado do
aquecimento global
Imagem de satélite da
NASA mostra avanço de massa polar sobre Costa Leste dos EUA
A forte onda de frio
que tem castigado a América do Norte é resultado de um ‘desvio’ do ar do Ártico
para o sul e o aquecimento global pode ser a causa deste evento incomum,
afirmou um especialista em 03/02/14.
O ar do Ártico
costuma ficar confinado no topo do mundo devido a um potente vento circular
chamado vórtice polar, explicou Dim Coumou, cientista sênior do Instituto
Potsdam de Pesquisas sobre o Impacto Climático (PIK), perto de Berlim.
Quando o vórtice
perde força, o ar começa a se dirigir para o sul, levando neve e frio
excepcionais para latitudes intermediárias.
A mudança climática
também é impulsionada por mudanças em um vento de altitude elevada chamada
corrente de jato.
Esta convecção, que
costuma circundar o hemisfério norte de forma robusta e previsível, começa a
oscilar, criando círculos de clima extremamente frio ou de um clima moderado
fora de época, dependendo da localização.
“Nós vimos uma forte
oscilação da corrente de jato e o ar frio associado ao vórtice polar se moveu
na direção sul. Neste caso, sobre as regiões leste do Canadá e dos Estados Unidos,
levando este clima frio extremo”, afirmou Coumou.
Ele destacou que o
fenômeno se repetiu nos últimos anos.
O que impulsiona o
vórtex polar é a diferença de temperaturas entre o Ártico e as latitudes
medianas, disse Coumou.
Antes agudo, este
diferencial foi perdendo nitidez nos últimos anos à medida que o Ártico – onde
as temperaturas estão subindo cerca de duas vezes acima da média mundial –
aquece, explicou.
“Nós temos visto este
tipo de onda de frio com mais frequência nos últimos invernos na Europa, mas
também nos Estados Unidos”, disse Coumou em entrevista por telefone.
“A razão pela qual
nós vemos estas fortes oscilações ainda não é totalmente conhecida, mas está
claro que o Ártico está esquentando muito rapidamente. Temos dados confiáveis
sobre isto. As temperaturas no Ártico aumentaram muito mais do que em outras
partes do globo”, acrescentou.
No mês passado,
cientistas europeus indicaram que o volume de gelo marinho em novembro tinha
sido cerca de 50% maior do que há um ano.
Apesar dessa recuperação,
o gelo marinho mantém baixas próximas do recorde documentado e a tendência
geral é de recuo, afirmaram.
Coumou alertou que o
gelo marinho do Ártico “é apenas um dos fatores importantes” por trás da
disfunção do vórtice polar.
“Outros fatores
incluem a cobertura de neve, eventos de aquecimento estratosférico ou outros
fenômenos de curto prazo”, afirmou. (ecodebate)
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