IPCC destaca impactos atuais e riscos futuros da mudança do
clima
Sumário para Formadores de Políticas e
relatório completo do segundo grupo de trabalho do painel foram divulgados em
30/03/14.
Cientistas afirmam que eventos climáticos
extremos recentes estão ligados às mudanças
Consequências que já estão sendo observadas:
- Nas últimas décadas, mudanças no clima causaram impactos nos sistemas
naturais e humanos em todos os continentes e através dos oceanos.
- Em muitas regiões, mudanças na precipitação ou derretimento de neve e
gelo estão alterando os sistemas hidrológicos, afetando recursos hídricos em
quantidade e qualidade (média confiança). Por conta das mudanças climáticas os
glaciares continuam a encolher em quase todo o mundo e o permafrost (solo
permanentemente congelado do norte do Hemisfério Norte) está aquecendo e
descongelando nas regiões de latitudes mais alta e nas regiões mais elevadas
(alta confiança).
- Muitas espécies terrestres, de água doce e marinhas têm mudado sua
abrangência geográfica, suas atividades sazonais, os padrões de migração, a
abundância das populações e as interações com outras espécies (alta confiança).
- Os impactos negativos das mudanças climáticas na agricultura têm sido
mais comuns do que impactos positivos que se imaginava que poderiam acontecer
em regiões de alta latitude (alta confiança). Alguns estudos mostram que
culturas como trigo e milho têm sido afetadas negativamente em muitas regiões
(média confiança).
- Desde o último relatório (2007), ocorreram vários períodos de aumentos
rápidos de preços de alimentos e cereais na sequência de eventos climáticos
extremos nas principais regiões produtoras. Isso indica uma sensibilidade de mercados
atuais a esses eventos.
- Os registros de mortes relacionadas ao calor têm subido, enquanto as
mortes por frio têm caído em algumas regiões como resultado do aquecimento
global. Mudanças locais de temperatura e de regime de chuvas têm alterado a distribuição
de algumas doenças transmitidas por água e vetores (média confiança).
- Pessoas que são marginalizadas socialmente, economicamente,
culturalmente, politicamente ou institucionalmente são especialmente mais
vulneráveis às mudanças climáticas (média evidência, alta concordância). Os
processos que levam a isso incluem discriminações baseadas em gênero, classe,
questões étnicas, idade e alguma deficiência física.
- Os impactos dos eventos climáticos extremos observados recentemente,
como ondas de calor, secas, inundações, ciclones e incêndios, revelam a enorme
vulnerabilidade e exposição de alguns ecossistemas e muitos sistemas humanos à
variabilidade climática atual (muito alta confiança).
- Os danos abrangem a produção de alimentos, o fornecimento de água, a
infraestrutura e os assentamentos humanos, morbidade e mortalidade, além de
consequências para a saúde mental e o bem-estar humano. Para países em todos os
níveis de desenvolvimento, esses impactos são consistentes com uma
significativa falta de preparo para lidar com a variabilidade climática em
alguns setores.
Risco para o futuro:
- Ao longo do século 21, projeta-se que a mudança do clima vai reduzir a
oferta de água renovável na superfície e nas fontes subterrâneas nas regiões
subtropicais mais secas (evidência robusto, alta concordância), intensificando
a competição por água (evidência limitada, média concordância). Os riscos em
relação à água vão aumentar significativamente com o aumento da concentração de
gases de efeito estufa
- Uma grande fração de espécies terrestres e de água doce encaram um
risco crescente de extinção diante da mudança do clima ao longo e depois do
século 21, especialmente quando os fatores climáticos interagem com modificação
do habitat, super exploração, poluição e presença de espécies invasora.
- Nos cenários de média a altas emissões há um alto risco de uma abrupta
e irreversível mudança em escala regional da composição, estrutura e
funcionamento de ecossistemas terrestres e de água doce, incluindo regiões de
alagados. Alguns exemplos que poderiam ter um impacto substancial são o sistema
Ártico de floresta boreal-tundra (média confiança) e a Floresta Amazônica
(baixa confiança).
- O carbono armazenado na biosfera terrestre (por exemplo no permafrost
e em florestas) está suscetível a ser liberado na atmosfera como resultado das
mudanças climáticas, desmatamento e degradação de ecossistemas (alta
confiança).
- Devido ao aumento do nível do mar projetado para o século 21 e depois,
sistemas costeiros e terras baixas áreas vão cada vez mais experimentar
impactos adversos, como submersão, inundações e erosão costeira (muito alto de
confiança).
- A redistribuição de espécies marinhas globais e a redução na
biodiversidade em regiões mais sensíveis vai desafiar afetar o fornecimento
sustentado de peixes e outros serviços do ecossistema (alta confiança)
- Para cenários de média a alta emissão de gases de efeito estufa, a
acidificação dos oceanos traz riscos substanciais os ecossistemas marinhos,
especialmente nos polos e para os recifes de corais (de média a alta
confiança).
- Para a maior parte das culturas agrícolas (trigo, arroz e milho) nas
regiões tropicais e temperadas, se não houver adaptação, um aumento de 2 °C ou
mais em nível local em relação aos níveis do século 20 vai impactar
negativamente a produção (média confiança).
- Todos os aspectos da segurança alimentar são potencialmente afetáveis
pelas mudanças climáticas, inclusive o acesso à comida e a estabilidade dos
preços (alta confiança)
- As áreas urbanas concentram boa parte dos riscos: estresse térmico,
chuvas extremas, inundações nas áreas costeiras e no interior, deslizamentos de
terra, poluição do ar, seca, escassez de água. Tudo isso traz riscos para as
pessoas, os bens, as economias e os ecossistemas (muito alta confiança). A
situação será pior nos locais em que falta a infraestrutura essencial ou há
pessoas vivendo em áreas expostas.
- Efeitos sobre as áreas rurais já serão sentidos no médio prazo e
depois por conta de impactos no suprimento de água, na segurança alimentar e
nos lucros da agricultura. são esperadas migrações das áreas agrícolas em
várias partes do mundo.
- Até metade do século, as mudanças climáticas vão impactar a saúde
humana ao piorar problemas de saúde que já existem. há uma maior probabilidade
de ferimentos, doenças e mortes por conta das ondas de calor e incêndios
(confiança muito alta).
- Também há grande probabilidade de desnutrição por diminuição da
produção de alimentos nas áreas mais pobres; de perda e redução da capacidade
de trabalho e de aumento de doenças transmitidas por comida ou água.
- As mudanças climáticas dedem levar a um aumento do deslocamento de
pessoas. E pode indiretamente aumentar o risco de conflitos violentos na forma
de guerra civil e violência entre grupos ao amplificar gatilhos bem
documentados desses conflitos, como pobreza e choques econômicos.
- Ao longo do século 21, estima-se que os impactos das mudanças
climáticas vão desacelerar o crescimento econômico, fazer com que a redução da
pobreza seja mais difícil, erodir ainda mais a segurança alimentar, e prolongar
as existentes e criar novas armadilhas da pobreza, particularmente nas áreas
urbanas e pontos onde há muita fome. (OESP)
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