Painel de cientistas
da ONU confirma que setor de transporte contribui cada vez mais para
aquecimento global; quadro pode mudar com transporte público e carros
eficientes e elétricos.
As medidas para frear
as mudanças climáticas não são apenas necessárias, mas viáveis e urgentes.
Porém, devem vir de todas as frentes: governos, indústrias e sociedade civil. O
recado veio de centenas de cientistas do IPCC (Painel Intergovernamental de
Mudanças Climáticas da ONU), que divulgaram hoje mais um relatório abordando o
assunto. Dessa vez, sobre as oportunidades de mitigação para essa crise global
do clima.
Um dos dados que o
relatório traz, o Brasil conhece bem: nos últimos anos, o setor de transporte
foi um dos que mais aumentou sua contribuição para o aquecimento global. De
1970 a 2010, suas emissões mais que dobraram. E, segundo o IPCC, se nada for
feito, as emissões do setor devem crescer como nenhuma outra até 2050, puxadas
principalmente pelos países emergentes. Dados nacionais reforçam esse alerta.
De acordo com o Observatório do Clima, de 1990 a 2012 as emissões de transporte
subiram 143% no Brasil. E continuam em frente.
“A notícia boa que o
IPCC traz é que há espaço para amenizar esse quadro. Os investimentos em
transporte público e em infraestrutura para as opções não motorizadas são
fundamentais para essa mudança”, explica Iran Magno, coordenador da Campanha de
Clima e Energia do Greenpeace. Só assim, ele diz, com ações concretas dos
governos – do federal aos municipais –, os indivíduos poderiam fazer escolhas
inteligentes em seus deslocamentos no dia a dia.
Ele acrescenta que,
por outro lado, a indústria também tem sua parcela de responsabilidade. “Não
adianta apenas melhorar o transporte de massa. O Brasil é o quarto maior
mercado de veículos do mundo, e a estimativa é que a frota nacional continue
crescendo. A recomendação expressa dos cientistas é que a indústria adote
tecnologias de baixo carbono, melhorando a eficiência energética dos automóveis
e abrindo caminho para a eletromobilidade”, diz Magno.
Na última semana, o
Greenpeace divulgou um estudo feito em parceria com a Coppe/UFRJ mostrando que
os veículos brasileiros poderiam reduzir substancialmente suas emissões caso a
indústria investisse em tecnologias mais modernas. Segundo os dados, se os
carros brasileiros fossem produzidos com a mesma meta de eficiência energética
europeia, chegaríamos a 2030 emitindo 11% menos gases estufa que hoje, mesmo
que a frota de carros fosse o dobro da atual.
“O desafio das
mudanças climáticas já está lançado e, cada vez mais, vemos eventos climáticos
extremos e tragédias ao redor do mundo“ afirma Magno. “No Brasil ainda temos
espaço para mudança e potencial de liderar uma guinada para uma economia de
baixo carbono. Agora é uma questão de vontade e escolha”. (ecodebate)
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