sábado, 17 de maio de 2014

Governo não sabe limite do volume morto

Limite de uso do volume morto é incerto
Ninguém sabe por quanto tempo as reservas vão abastecer cerca de 7,3 milhões de pessoas; em 15/05/14 nível do Cantareira estava em 8,2%.
A partir de 18/05/14, cerca de 7,3 milhões de moradores da Grande São Paulo que ainda são abastecidos pelo Sistema Cantareira já começam a receber água do "volume morto" do manancial. Às 10h35 de 15/05 o governador Geraldo Alckmin (PSDB) acionou as sete bombas instaladas na Represa Jacareí, em Joanópolis, a 100 quilômetros da capital, iniciando a captação da reserva profunda. Nem o tucano nem os técnicos da área garantiram, contudo, quanto tempo os 182 bilhões de litros adicionais devem durar.
Recurso. Alckmin aciona as bombas de captação do volume morto da Represa Jacareí
"Nós passaremos o período da seca e chegaremos às próximas águas", resumiu Alckmin, que voltou a descartar racionamento generalizado. "O governo não está esperando São Pedro. Nós estamos trabalhando 24 horas com todo empenho, engenharia técnica, para garantir o abastecimento da população", completou.
Segundo estimativa feita pela Coordenadoria Estadual de Defesa Civil, o próximo período chuvoso só deve registrar pluviometria dentro da média em dezembro.
Com obras que custaram R$ 80 milhões, a Companhia de Saneamento Básico do Estado de São Paulo (Sabesp) iniciou nesta quinta a retirada de 105 bilhões de litros represados abaixo do nível das comportas nas represas Jaguari-Jacareí, que respondem por cerca de 80% do Cantareira, mas estavam com apenas 1,7% da capacidade. Entre agosto e setembro, a concessionária deve começar a captação de 77 bilhões de litros da reserva profunda da Represa Atibainha, em Nazaré Paulista. Com o acréscimo, o volume do Cantareira subirá 18,5%. Em 15/05 o nível do sistema estava em 8,2%.
"(A duração do volume morto) Vai depender das obras que estamos fazendo, da continuação da boa vontade das pessoas e da situação meteorológica. Pode durar a vida inteira. Basta que volte a chover normalmente", disse o secretário estadual de Saneamento e Recursos Hídricos, Mauro Arce. Ele não quis estimar a vida útil do "volume morto". As projeções da Sabesp apontavam novembro como prazo final da reserva. Há duas semanas, o secretário disse que ela duraria até março de 2015.
Quanto à qualidade do "volume morto", questionada por ambientalistas e promotores por causa de uma possível contaminação por metais pesados no fundo das represas, Alckmin garantiu que a água é atestada pela Companhia Ambiental do Estado de São Paulo (CETESB). "Ela é igual às demais águas. Não tem diferença", disse.
Redução
Segundo a Sabesp, desde a deflagração pública da crise de estiagem do Cantareira, em fevereiro, já houve uma redução de 27% do volume de água retirado do manancial para abastecer a Grande São Paulo. Neste mês, a produção está 8,8 mil litros por segundo menor. Segundo a companhia, essa diminuição equivale a um rodízio de 36 horas com água e 72 horas sem água.
De acordo com a Sabesp, 25% dessa queda se deve à "gestão operacional", como a redução da pressão da água na rede durante o período noturno, medida que diminui o índice de vazamentos nas tubulações, mas tem afetado inúmeras pessoas com corte no abastecimento.
Quase metade da redução (47%) deve-se ao remanejamento de água dos sistemas Alto Tietê e Guarapiranga para bairros da capital que eram atendidos pela Cantareira, e 28% à economia da população por meio do programa de bônus. Nesta quinta, Alckmin disse que, em maio, 84% dos clientes da Sabesp já haviam reduzido o consumo.
Frases
Primavera
“A gente entende que, apesar de ter período seco, como maio, a cada dia estamos mais perto da primavera.”
E se?
“Se eu tiver o copo meio cheio, eu encho mais rápido. Falar, então: ‘não vou tomar água para ele não esvaziar’. Não. Então, vou provocar uma situação mais drástica (racionamento) porque pode não chover. A pergunta é: e se chover?”
Consumo na Copa
“Acho que vai diminuir. Por exemplo, pegando o caso do setor elétrico. Na hora que começa o jogo, ninguém consome energia e não usa água. Aí chega ao intervalo, há um crescimento. Depois tem o segundo tempo... Acredito nisso.”
Multa da água
“Em alguns casos é muito difícil (medir o consumo). Eu moro num condomínio e nem sei quanto eu consumo. Aí, a coisa fica meio diluída. Por isso precisa um trabalho grande (para definir regras da sobretaxa).” (OESP)

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