Conferência ‘Adaptation Futures 2014’ discute erros e
acertos na adaptação às mudanças climáticas
Participantes do
Adaptation Futures 2014, em Fortaleza, vão redigir relatório e levar conclusões
aos formuladores de políticas públicas.
Comunidades de
diferentes partes do mundo estão colocando em prática planos de adaptação às
mudanças climáticas, cujos efeitos – como a elevação do nível do mar e o
aumento na frequência de enchentes, estiagens, ondas de frio e calor intenso –
começam a ser sentidos pela humanidade e tendem a se intensificar nos próximos
anos.
Compartilhar algumas
dessas experiências, discutir seus erros e acertos e criar uma rede de pesquisa
colaborativa sobre o tema são os objetivos da conferência internacional
Adaptation Futures 2014, que ocorre pela primeira vez no Brasil.
O evento, organizado
pelo Centro de Ciência do Sistema Terrestre (CCST) do Instituto Nacional de
Pesquisas Espaciais (Inpe) e pelo Programa Global de Pesquisas sobre Mudanças
Climáticas, Vulnerabilidade, Impactos e Adaptação (Peovia) do Programa das
Nações Unidas para o Meio Ambiente (Pnuma), vai até o dia 16 de maio em
Fortaleza, no Ceará.
“Após a liberação dos
últimos relatórios do IPCC [Painel
Intergovernamental sobre Mudanças Climáticas], particularmente do
Relatório sobre Impactos, Adaptação e Vulnerabilidades às Mudanças Climáticas,
ficou claro que a adaptação é a melhor forma, talvez a única, de enfrentar as
mudanças climáticas”, ressaltou, durante a cerimônia de abertura, José Marengo,
pesquisador do INPE, organizador da conferência e membro do Programa FAPESP de
Pesquisa sobre Mudanças Climáticas Globais (PFPMCG).
Segundo Marengo, o
Brasil ainda tem muito a aprender sobre o tema e é de fundamental importância
que essa discussão ocorra na presença de tomadores de decisão e de organizações
nacionais e internacionais da comunidade científica.
“No final do encontro
pretendemos elaborar um relatório e divulgar os resultados das discussões aos
formuladores de políticas públicas tanto de Fortaleza como de outras partes do
mundo”, disse Marengo à Agência FAPESP.
Ciência e política
Ainda durante a cerimônia
de abertura, Saleemul Huq, pesquisador do International Centre for Climate
Change and Development, sediado na Independent University, em Bangladesh,
destacou que a conferência pretende ser a interface entre a ciência e a
política.
“Essa rede de pesquisadores
e tomadores de decisões tem se encontrado regularmente e compartilhado
informações desde as duas conferências anteriores [ em 2010, na Austrália e, em 2012, nos Estados Unidos ]”, contou
Huq.
“Coletivamente nós
ampliamos a curva de aprendizagem. Os primeiros estágios eram simplesmente
corrigir o que estava sendo feito errado. Mas fomos além e atualmente estamos
lidando com a adaptação na prática em diferentes locais do mundo”, disse o
pesquisador.
Segundo Huq, hoje se
trabalha na academia a noção de adaptação transformativa, que significa não
apenas lidar com as alterações no clima, mas mudar coletivamente o modo de
viver.
“O mundo em que
vivemos não é bom e temos de transformá-lo. Todos os países, em nível nacional,
e a humanidade em escala global, pois estamos todos indo na direção errada em
diversos aspectos. Deveríamos estar reduzindo a poluição e, no entanto,
poluímos ainda mais. Continuamos a desmatar e a população continua crescendo”,
disse Huq.
Também participaram
da mesa de abertura Eduardo Martins, presidente da Fundação Cearense de
Meteorologia e Recursos Hídricos (Funceme); a analista ambiental Mariana Egler,
representante do Ministério do Meio Ambiente; Antonio Rocha Magalhães, do
Centro de Gestão e Estudos Estratégicos (CGEE); José Rubéns Dutra Mota, do
Banco do Nordeste; e Victor Frota Pinto, presidente do Conselho Regional de
Engenharia e Agronomia do Ceará (Crea-CE).
A conferência magna
de abertura foi proferida pela ex-ministra Marina Silva, que disse que a
humanidade como um todo enfrenta uma “crise civilizatória” composta por cinco
crises diferentes: econômica, social, ambiental, política e ética. (ecodebate)
Nenhum comentário:
Postar um comentário