Associação do setor calcula que de 20% a 25% dos lançamentos de imóveis
em São Paulo trazem tubulação seca para receber os sistemas.
O segmento de residenciais entrou no alvo da Associação
Brasileira de Automação Residencial (Aureside), que defende eficiência
energética em áreas comuns dos prédios com uso de sistema integrados para
racionalizar o consumo de água e luz. A meta é reduzir a taxa de condomínio.
"Estamos entrando na área de operação e
manutenção", afirma o diretor-executivo da Aureside, José Roberto
Muratori, de olho nas áreas de convivência, como playground, piscinas, salão de
jogos, que, segundo ele, estão abandonados do ponto de visa da automação.
"Os custos condominiais estão subindo e os prédios não são eficientes como
poderiam."
A automação, segundo Muratori, era só pensada para projetos
corporativos, shopping center e hotéis. "Os residenciais ficavam na zona
cinzenta", afirma. "Agora, a associação está focada em áreas comuns.
Com isso, traz para o mercado um tipo de consumidor não tão ligado em
conforto", diz. "É o apelo da economia e da eficiência." E
ironiza: "Não estamos só tratando de automação nas casas onde o cliente
pega o tablet, apaga luz e mostra o cenário para o cunhado".
"Há muitos componentes que a automação consegue enxugar
para reduzir o custo geral do edifício", comenta, enfatizando que a
Aureside lançou o projeto prédio eficiente em março. São razões básicas: o
aumento do número de prédios sustentáveis (novos ou retrofits), os custos de
manutenção em alta e a mudança na política energética.
Muratori avisa que os gastos vão piorar com o aumento da
tarifa de eletricidade. "Já está mudando a política de bilhetagem de
energia. Condomínios que hoje usam média e alta tensão vão ser sobretaxados no
horário de pico." Portanto, segundo ele, se ligar uma bomba em hora
errada, a energia consumida vai custar muito mais caro do que se acioná-la
antes.
"Sistemas automatizados podem evitar que a taxa de
condomínio fique 30% a 40% mais cara por causa dessa mudança", estima.
"Automação não vai resolver, mas ajuda muito a controlar esse tipo de
situação."
Classe média. Com a redução de custo das tecnologias nos
últimos anos, edifícios voltados para a classe média passaram a ter
infraestrutura para automação, afirma a gerente de novos negócios da Abyara
Brasil Brokers, Carolina Brandão. Antes, segundo ela, isso somente era
oferecido em empreendimentos de perfil single e de alto padrão.
De acordo com Muratori, cerca de 20% a 25% dos novos
lançamentos imobiliários em São Paulo trazem tubulação seca para receber
sistemas de som, câmeras e iluminação. "As construtoras estão entrando
nessa área de projetos de automação, mas não entregam nada, só a infraestrutura
básica", afirma o diretor da Aureside. "Se o cliente quiser, faz por
conta própria."
Ele calcula que uma faixa menor, "de 3% a 5%
apenas", entrega unidades habitacionais com equipamentos funcionando.
"Os mais entregues são fechadura biométrica, controle remoto na sala e
caixas de som instalados", declara ele.
Carolina Brandão confirma que a maioria dos empreendimentos
com automação tem fechadura biométrica, além da tubulação para futuras
instalações, como "a dimerização da iluminação" e o controle do ar
condicionado.
"No caso do Tom 1102, da SKR, a automação reforça o
projeto de segurança do edifício, empregando biometria nos elevadores",
comenta.
Controle no celular. Como os sistemas são wi-fi, o cliente
pode incluir sonorização dos ambientes, controle de persianas, acionamento e
programação de equipamentos eletrônicos. "Tudo controlado remotamente
através do celular", diz Carolina.
Ela conta que no empreendimento BHD Pinheiros, da
Brookfield, os apartamentos serão entregues com estrutura preparada para
central de automação, dimerização de ambientes, roteador wi-fi, reprodução de
música MP3, agendamento de eventos e avisos via e-mail.
No VN Quatá, da Vitacon, o morador, por meio do celular,
poderá solicitar que suas roupas sejam lavadas e receber SMS avisando quando
estão prontas, segundo Carolina. "Ou que suas correspondências chegaram a
seu escaninho, como no caso do BK30."
Muratori diz ter sido chamado para fazer um projeto de
automação quando o prédio já estava na última laje. "Só chamaram a gente
porque o construtor percebeu que os vizinhos tinham automação, e ele não".
Para Muratori, não é possível admitir que um projeto assim seja "tão
redondo quanto outro que começou lá na concepção".
Degustação. Para conquistar clientes, algumas construtoras
oferecem o que Muratori chama de "degustação" de automação. "É
mais comum o prédio ter só a preparação", alega.
A Porte Construtora, por exemplo, entrega imóveis com
controles automatizados. É o caso do Composite des Arts, no Jardim Anália
Franco, na zona leste de São Paulo.
O empreendimento oferece o Smart Energy: painel com displays
que apontam o consumo de luz instantâneo ou acumulado. Também abre e fecha
persianas, liga TV, som e ar condicionado, via tablet.
No fim de 2013, a Porte entregou em Santo André (SP) o edifício
Contemporâneo, pré-automatizado. O prédio possui relés que controlam a
iluminação de quartos e hall, além de sistema para persianas. Pulsadores
controlam as áreas comuns.
No Rio, a RCC Empreendimentos vai lançar o Platinum, no
Leblon. Os apartamentos terão infraestrutura para automação. Mediante
interesse, poderão ser entregues conjuntos que controlam luz, cortinas e
sistema de segurança. (OESP)
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