Doenças ligadas à poluição do trânsito geram perdas de R$
7,7 tri anuais
A
poluição decorrente do uso de veículos está causando perdas estimadas em US$
3,5 trilhões (R$ 7,7 trilhões) ao ano devido a mortes prematuras e doenças,
contados apenas os países desenvolvidos, a China e a Índia. O valor é maior que
o PIB do Brasil, estimado em quase R$ 5 trilhões.
É o
que divulgou em 21/05/14 a OCDE (Organização para a Cooperação e
Desenvolvimento Econômico), durante seu Fórum Internacional de Transporte,
realizado em Leipzig, Alemanha.
De
acordo com a organização, que reúne países desenvolvidos e em desenvolvimento,
o valor é decorrente de nova metodologia de contagem feita pela OMS
(Organização Mundial de Saúde) que apontou o número anual estimado de mortes
decorrentes da poluição dos transportes em 3,5 milhões de pessoas ao ano em
2012, valor cerca de 10% superior ao registrado no levantamento anterior, de
2010.
Segundo
o secretário-geral da OCDE, Angel Gurría, o número de mortos decorrente da
poluição do transporte é maior que o estimado de mortes causadas por
contaminação da água e falta de coleta de esgoto no mundo.
Para
ele, o problema vem crescendo por causa de dois fatores, o aumento do número de
pessoas com acesso a veículos e a falta de transporte público, aliado à falta
de políticas públicas para reduzir a poluição dos transportes. Segundo Gurría,
os países devem agir o quanto antes e a primeira medida deveria ser o fim do
subsídio ao diesel, combustível mais poluidor que a gasolina e outros.
"Não
há justificativa ambiental para taxar o diesel menos que a gasolina",
disse Gurría durante entrevista na tarde de 21/05.
China
De
acordo com os dados divulgados pela OCDE, o crescimento dos custos estimados
com mortes e doenças causadas pela poluição foi puxado pela China, que sozinha
representou US$ 1,4 trilhão, valor próximo ao dos países desenvolvidos (EUA, Canadá
e União Europeia), que somaram R$ 1,7 trilhão.
A
pesquisa atribui que uma parte das mortes decorrentes de ataques do coração,
alguns tipos de câncer e problemas pulmonares são decorrentes da poluição. No
caso da União Europeia, por exemplo, metade de todas as mortes por essas causas
são associadas à poluição atmosférica específica dos transportes. Segundo o
trabalho, o número pode variar de país para país.
De
acordo com Guria, não foram feitos cálculos para a América Latina por falta de
dados consistentes para a análise.
Mas,
no mais recente trabalho sobre o tema no Brasil, divulgado em outubro de 2013
pelo ICCT (Internacional Council on Clean Transportation), ONG que trabalha em
cooperação com alguns órgãos governamentais no Brasil, o país aparecia como
responsável por 3,5% das mortes mundiais decorrentes poluição atmosférica do
trânsito.
No
relatório do ICCT, o Brasil aparece como líder na adoção de medidas para
reduzir a poluição do ar no trânsito, com a adoção de combustíveis mais limpos
desde o ano passado.
Segundo
dados da própria OCDE, é o único país fora da Europa, Estados Unidos e Canadá a
ter implementado essa mudança para ter um combustível equivalente ao nível 5
europeu. A Europa, EUA e Canadá já usam o combustível nível 6, enquanto os
outros países adotam o nível 4 ou inferior.
O
relatório aponta, no entanto que, se o país avançar para os padrões europeus
mais rígidos, poderiam ser evitadas 2,4 mil mortes ao ano decorrente da
poluição dos transportes previstas até 2030. (biodieselbr)
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