A Índia caminha para
ter a maior população do Planeta (ultrapassando a China até 2030) e ser a
terceira maior economia do globo (atrás somente da China e dos Estados Unidos).
Mas pode se atolar em uma grande crise ambiental e nos limites da
disponibilidade de recursos naturais, como a degradação dos solos e a escassez
de água potável.
A pegada ecológica da
Índia, em 2008, era de 0,87 hectares globais (gha), bem abaixo da média mundial
(2,7 gha) e cerca de 10 vezes menor do que a pegada ecológica do Catar (11,7
gha) ou do Kwait (9,7 gha). Mesmo assim a Índia tinha déficit ambiental
crescente, pois de uma lado a pegada ecológica tende a crescer e a
biocapacidade tende a diminuir.
Em 2008, a população
da Índia era de 1,19 bilhão e a biocapacidade per capita de 0,48. Assim a Índia
tinha uma biocapacidade total de 571 milhões de hectares globais (gha), mas
estava usando 1,035 gha (0,87 vezes 1,19 bilhão de habitantes) de pegada
ecológica total. Assim, o déficit ambiental da Índia era de 464 milhões de
hectares globais, em 2008.
Para o ano de 2030,
estima-se que a população indiana será de 1,48 bilhão de habitantes e a
biocapacidade per capita deve cair para 0,39 gha. Estimando que a pegada
ecológica per capita suba para 1,0 gha (muito baixa para os padrões
internacionais) a pegada total será de 1,48 bilhão de hectares globais. Neste
quadro, o déficit ambiental da Índia será de 909 milhões de gha, o terceiro
maior déficit ambiental do mundo, atrás somente da China e dos Estados Unidos.
Para o ano de 2050,
estima-se uma população indiana de 1,62 bilhão de habitantes. Supondo a mesma
pegada ecológica per capita de 1 hectare global, o déficit ecológico da Índia,
de 1,05 bilhão de hectares globais será superior ao déficit dos Estados Unidos
atualmente (1 bilhão de gha). Neste nível de pegada ecológica, a população da
Índia precisaria ficar em 571 milhões de habitantes para se atingir o
equilíbrio ambiental.
Ou seja, para evitar
a degradação da natureza não basta apenas controlar o padrão e o nível de
consumo. A Índia é um país onde a maioria das pessoas possuem baixo nível de
renda e de acesso a bens duráveis. Mas em decorrência de uma enorme população
possui um elevado déficit ambiental.
Os resultados das eleições
parlamentares na Índia de maio de 2014 deram uma vitória histórica ao partido
nacionalista hindu Bharatiya Janata (BJP). O líder da sigla oposicionista,
Narendra Modi, será o novo primeiro-ministro do país, encerrando a longa
dominância da dinastia Gandhi no poder. Ele promete seguir a receita
tradicional para vencer a pobreza na forma do crescimento econômico e no
poderio político internacional da Índia. Porém, há de desvendar a fórmula para
fazer isto nas condições já precárias do meio ambiente.
Evidentemente a Índia
pode reduzir a concentração de renda e distribuir melhor a riqueza de seus
cidadãos. Mas o consumo médio já é muito baixo e dificilmente poderia ser
reduzido sem provocar uma queda ainda maior na qualidade de vida dos habitantes
do país. Sem a redução da pegada ecológica, a única maneira de diminuir o
déficit ambiental é através da diminuição da população.
Mas as estimativas da
Divisão de População da ONU, apontam para uma população indiana de 1,64 bilhão
de habitantes, em 2070, e um declínio para 1,55 bilhão em 2100. Desta forma, o
déficit ambiental da Índia deverá ficar acima de 1 bilhão de hectares globais
na maior parte do século XXI. O resto do mundo terá que ajudar a cobrir o
déficit indiano e contribuir para alimentar a enorme população da Índia.
Contudo, a pegada
ecológica do mundo já superou em 50% a biocapacidade do Planeta e a Terra tem,
atualmente, um déficit de 6 bilhões de hectares globais. Como a população
mundial continua crescendo e cada vez mais pessoas sonham com o “paraíso” do
consumo, as perspectivas são de aumento da crise ambiental e perda de
biodiversidade. Ou seja, o mundo já está em déficit e o crescimento do déficit
ecológico da Índia só agrava a situação internacional. Assim, cresce a cada dia
a possibilidade de um colapso ecológico do Planeta, num futuro não muito
distante. (ecodebate)
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