Cerca de 65% das despesas contratadas pela Sabesp para
socorrer a crise do Cantareira são emergenciais e foram feitas sem licitação.
Na tentativa de evitar o racionamento de água oficial na
Grande São Paulo, a Companhia de Saneamento Básico do Estado de São Paulo
(Sabesp) já gastou cerca de R$ 160 milhões com obras para suprir a histórica
crise de estiagem do Sistema Cantareira. Cerca de 65% das despesas ocorreram em
contratos sem licitação, prática permitida por lei em casos de emergência ou de
calamidade pública.
É o caso da construção de diques e da compra de 17 conjuntos
de bombas flutuantes para a captação inédita de água do “volume morto” do
Cantareira nas Represas Jaguari-Jacareí, em Joanópolis, e Atibainha, em Nazaré
Paulista, que custaram cerca de R$ 80 milhões. A operação começou no dia 15 de
maio e a previsão é de os 182,5 bilhões de litros adicionais represados abaixo
do nível das comportas da Sabesp dure até novembro. Até ontem, a concessionária
já havia retirado 43,4 bilhões de litros da reserva profunda, ou 23,7% do
total.
Imagem registrada em 06/07/14: já foram retirados 23,7% da
reserva profunda.
Uso do "volume morto" mudou paisagem perto do Rio
Jaguari.
Outros R$ 80 milhões estão diluídos em uma série de
intervenções feitas pela companhia para remanejar água de outros sistemas
produtores para regiões da capital abastecidas pelo Cantareira. O socorro
começou no início do ano com 1,1 mil litros por segundo revertidos do Sistema
Guarapiranga para os bairros Jabaquara, Vila Olímpia, Brooklin e Pinheiros, nas
zonas sul e oeste da capital, e outros 2,1 mil litros do Sistema Alto Tietê
para Penha, Ermelino Matarazzo, Cangaíba, Vila Formosa e Carrão, na zona leste.
Para fazer o remanejamento, que tirou inicialmente cerca de
1,6 milhão de pessoas do consumo do Cantareira, a Sabesp teve de instalar novas
adutoras, aumentar as vazões de estações elevatórias e de tratamento de água e
ampliar as unidades de bombeamento. Segundo a companhia, foram essas obras que
resultaram nos “cortes pontuais” de abastecimento que deixaram diversos imóveis
sem água nos últimos meses.
Com o agravamento da crise do Cantareira, em maio, o
governador Geraldo Alckmin (PSDB) anunciou que a reversão de água dos sistemas
Rio Grande (500 litros por segundo) e Rio Claro (200 litros por segundo) e mais
1.500 litros adicionais do Alto Tietê e do Guarapiranga a partir deste mês.
Dessas obras, o remanejamento de água do Rio Grande para abastecer cerca de 150
mil pessoas custou R$ 26,5 milhões e também foi feito sem licitação. Para 2015,
a Sabesp pretende ampliar mais 2.200 litros do Rio Grande e outros 1.500 litros
do Guarapiranga. Em nota, a companhia afirma que todos os contratos feitos sem
licitação “seguem todos os procedimentos previstos na Lei de Licitações –
8.666/1993”.
Ações Emergenciais
- Cantareira
Construção de diques e compra de bombas para retirar 182,5
bilhões de litros do volume morto.
- Alto Tietê
Ampliação das unidades de bombeamento na zona leste,
adequação de estação elevatória e de tratamento de Biritiba-Mirim e Suzano para
reverter 2,6 mil litros por segundo em Cantareira.
- Guarapiranga
Instalação de adutora, aumento de vazão e ampliação em
estações elevatórias e de tratamento na zona sul da capital para reverter 3,6
mil litros por segundo até fevereiro de 2015.
- Rio Claro
Ampliação de adutora em mais 200 litros por segundo
- Rio Grande
Ampliação da estação de tratamento em 500 litros por segundo
em setembro e mais 2.200 litros por segundo em junho de 2015. (OESP)
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