terça-feira, 29 de julho de 2014

Pouca chuva mantém agonia do Cantareira

Vista do Rio Atibaia no distrito de Sousas, onde Sanasa faz captação: estiagem ameaça manancial que abastece 95% da população de Campinas.
Quem esperava que a chuva dos últimos dois dias amenizasse a escassez de água em mananciais e reservatórios que abastecem a Região Metropolitana de Campinas (RMC), se frustrou. A precipitação não teve o efeito esperado no Sistema Cantareira, que continua em queda lenta, com 16,2% de sua capacidade.
A captação no Rio Atibaia, em Campinas (SP), ficou em 6,52 m3 por segundo em 25/07/14, ainda menor do que a média histórica de julho de 15,3 m3/s. Julho, até o dia 25, teve chuvas abaixo do normal em Campinas, mantendo 2014 como o ano mais seco da cidade em 26 anos. Apesar da frente fria que chegou à cidade em 24/07, o mês teve 24 milímetros de chuva, número bem abaixo dos 45 milímetros habituais para o período, segundo o Centro de Pesquisas Meteorológicas e Climáticas Aplicadas à Agricultura (Cepagri).
Acumulado 
O ano teve 442,7 milímetros, quando a média histórica até o final de julho é de 860,8. A soma não levou em conta os seis últimos dias do mês, mas o meteorologista do Cepagri, Jurandir Zullo, afirmou que a possibilidade de chuvas até a agosto é praticamente nula.
Segundo Zullo, choveu nos dias 8, 9, 10, 11, 24 e 25 de julho, mas em quantidades muito pequenas. O mês, porém, não é o mais seco da história. Em 2008, não houve precipitações em julho, por exemplo. “A situação complicada da região em relação à estiagem pouco tem a ver com as chuvas de outono e julho, mas com a seca histórica e fora do comum durante o Verão, no início do ano”, explicou.
Impacto
O impacto da seca nos setores da agricultura e indústria serão sentidos até o final do ano, segundo o meteorologista. Uma das culturas que deve ter prejuízo histórico neste ano no Sudeste é a do café. A previsão para agosto é de normalidade em Campinas. A região Sul, no entanto, já está com chuvas acima do usual para o Inverno.
O coordenador de projetos do Consórcio das Bacias dos Rios Piracicaba, Capivari e Jundiaí (PCJ), José Cezar Saad, afirmou que o principal efeito da chuva é ambiental, em relação à qualidade do ar, mas pouco influencia na vazão dos rios da região. “A chuva mal deu para a terra absorver direito, não consegue penetrar nos lençóis freáticos porque o solo está muito seco”, disse.
Temporário
Segundo Saad, a chuva aumenta a vazão apenas no dia da precipitação, mas depois de dois dias sem chover novamente, ela volta a ficar baixa. Para que a precipitação tivesse um feito positivo nos rios da região, seria necessário chover semanas seguidas.
Saad afirmou que o Consórcio encaminhou às prefeituras, indústrias e produtores rurais, abastecidos pela bacia, uma proposta para captação parcelada nos rios. A ideia é que cada setor retire água dos mananciais Capivari, Piracicaba, Jaguari, Jundiaí e Atibaia em horários diferentes do dia, e não ao mesmo tempo como é feito hoje. Cada grupo teria aproximadamente 8 horas para retirar o recurso mineral.
O objetivo é manter a vazão do rio elevada. “Seria um acordo para que os usuários compartilhem a captação entre si. Os setores vão enviar a resposta e, havendo um consenso, pretendemos implantar este rodízio de horas em agosto”, explicou o diretor. Se a resposta das empresas e administrações municipais forem positivas, o grupo chamará empresas que não fazem parte do Consórcio a também aderirem ao esquema. (correio.rac)

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