A Agropecuária envolve todas as atividades humanas de
pecuária extensiva ou intensiva, criação das mais diversas espécies terrestres
ou aquáticas e as atividades vinculadas com a agricultura dos mais variados
tipos, desde a pequena propriedade com plantio de subsistência, passando pela
agricultura familiar e chegando no agronegócio mais sofisticado com
monoculturas extensas de exportação.
Qualquer que seja o enfoque da abordagem é muito os impactos
ambientais produzidos por resíduos sólidos do tipo dejetos de animais e
embalagens de produtos químicas. E também são grandes os impactos gerados pelo
lançamento nos cursos de água, de efluentes não tratados de criações intensivas
de aves e suínos e pelas aplicações indiscriminadas ou mesmo controladas, de
herbicidas, fungicidas e pesticidas em geral.
Detalhar qualquer item nos afastaria do objetivo geral de
trazer uma noção básica de percepção ambiental e diretriz para compreender o
conjunto da questão ambiental, mas sem dúvida, é fácil imaginar e avaliar a
extensão do assunto.
Evidentemente que a atividade agropecuária é fundamental
para a sobrevivência da espécie humana, mais importante ainda em nosso país,
que é eminentemente primário. Mas é necessário aprofundar o trabalho de trazer
sustentabilidade econômica e ambiental para as populações que vivem da
atividade de lavoura e pecuária.
A indústria foi por muito tempo a atividade mais
responsabilizada pelos danos ambientais e hoje não é exagero dizer que os
diversos setores industriais se encontram na vanguarda das ações de preservação
ambiental e sustentabilidade nas diversas atividades econômicas.
A indústria engloba todas as transformações que os materiais
minerais e agropecuários sofrem para se tornar bens de consumo para utilização
das populações.
Existem vários setores e tipos de indústrias, desde as muito
poluentes, até aquelas que praticamente não produzem efluentes, resíduos ou
emissões atmosféricas.
Atualmente os conceitos de sustentabilidade e preservação
ambiental estão bem disseminados na cultura dos empreendedores industriais, que
são responsáveis por algumas das ações mais ousadas de planejamento ambiental,
transparência e responsabilidade social.
Mas é inegável que o arcabouço jurídico e a ação
normatizadora, reguladora e fiscalizadora do Estado são indispensáveis para
atingir uma sinergia eficiente com a indústria tomando consciência de seu papel
na preservação ambiental em geral.
A água, pela sua intrínseca relação com a vida, não poderia
estar fora da cidade e podemos ver sinal de vida própria no seu caminhar pelo
espaço urbano.
Não existe cidade se não existir água disponível
regularmente, capaz de atender às necessidades básicas do ser humano, para o
controle e prevenção de doenças, para a garantia do conforto e para o
desenvolvimento socioeconômico.
Ao se modernizar, a cidade não consegue fugir dessa
dependência, pelo contrário, a necessidade por água aumenta em função da
complexidade do aparato produtivo.
A visão integrada do conceito de saneamento básico é
defendida, inclusive, pelo corpo técnico-científico internacional ligado ao
saneamento, como, por exemplo, o conceito defendido pela Associação Portuguesa
para Estudos de Saneamento Básico – APESB, de que saneamento básico é, pelo
menos, “o abastecimento de água, a
drenagem, o tratamento e a disposição final de águas residuais, e a recolha,
tratamento e a disposição final de resíduos sólidos”.
Sobre disponibilidade de água, vale lembrar que a quantidade
e a qualidade têm estreita relação com a geografia do manancial. Uma bacia
hidrográfica, com sua área de contribuição bem definida, tem um limite claro
para a vazão que se pode tirar dos cursos de água que a drenam, o mesmo valendo
para um aquífero subterrâneo. Diante disso, vale a regra de que as vazões
disponíveis podem ser consideradas parte integrante das informações geográficas
de uma determinada área.
No ciclo urbano da água, ela também tem papel como agente de
limpeza a serviço dos habitantes da cidade. Isso fica evidente na relação
direta e significativa entre água consumida e geração de esgotos, com cerca de
80% da água de abastecimento sendo transformada em esgoto sanitário. Esse
esgoto precisa de uma área para que sua carga poluidora seja diminuída,
facilitando a sua purificação natural, sendo que nesse cálculo de área deve ser
levada em conta a parcela necessária para reciclar os resíduos que são
removidos desse esgoto, os chamados lodos provenientes do tratamento.
Além da água de abastecimento que chega à cidade, a chuva
também joga quantidade significativa de água na área urbana. E essa água tem
seus caprichos, procurando seguir seus caminhos pelos pontos mais baixos do
relevo. Nesse caminhar, ignora boa parte das ações humanas que tentam impedir
seu movimento, tendo força para superar esses obstáculos.
Sobre essa água e seu caminhar, as cidades deveriam ter como
lema respeitar sempre seus caminhos, sob pena de enfrentar sua fúria, que se
faz sentir quando da ocorrência de enchentes e inundações. Além disso, não se
pode esquecer que no ambiente natural, a percolação pelos vazios do solo é um
caminho muito usado pela água. Quando se impede a sua infiltração, com a
impermeabilização da superfície do solo, parte significativa da água não faz
seu trajeto subterrâneo, escoando, consequentemente, pela superfície.
As águas pluviais carregam tudo o que encontram no seu
caminho, desde a poluição que paira no ar até os resíduos que foram lançados
sobre as ruas. Quanto mais se descuida da limpeza da cidade, mais trabalho
sobra para a chuva, que não se nega a prestar esse serviço de limpeza.
Portanto, a cidade que não se limpa organizadamente acaba contribuindo para a
poluição dos corpos de água, onde as águas pluviais depositam todo o material
carreado durante seu trajeto. Essa poluição pode comprometer o uso da água para
diversas finalidades, além do próprio abastecimento humano da cidade.
Outra associação importante que reflete a essência do
conceito de saneamento é a questão do lixo, ou dos resíduos sólidos resultantes
das diversas atividades da cidade. Para funcionar adequadamente, a cidade
necessita de grande aporte de material proveniente de áreas externas aos seus
limites geográficos. Nesses materiais, podemos incluir os alimentos para os
habitantes da cidade e a matéria prima para os processos produtivos, os quais
são utilizados, processados e geram resíduos. Esses resíduos têm pouca
mobilidade, com exceção daqueles transportados pela água da chuva. Por isso,
onde são lançados, lá permanecem em processo lento de degradação, tornando-se
fontes de poluição e contaminação.
Os índices de cobertura de água tratada são muito elevados
em quase todo país, mas as quantidades de esgoto recolhido e tratado são muito
baixas.
Da mesma forma, são razoavelmente eficientes na função de
coleta, todos os sistemas de recolhimento de lixo urbano doméstico e público.
Mas o mesmo não pode ser dito da disposição final, ainda muito carente de
usinas adequadas e projetadas para a reciclagem e o reaproveitamento e células
de disposição final com normas de engenharia respeitando parâmetros de proteção
ambiental.
A questão do saneamento básico tem sido cada vez mais
explorada por empreendedores privados, que se interessam pelas atividades
vinculadas com a água e mesmo com as tarefas de coleta, reciclagem e disposição
final dos resíduos sólidos urbanos. O poder público, principalmente através de
prefeituras, tem sido grande contratador destes serviços e as empresas têm
desenvolvido um filão importante de mercado.
As questões de infraestrutura envolvem tudo que é necessário
para atender às necessidades das populações e para dar qualidade de vida para
os agrupamentos humanos, permitindo que os diversos grupos sociais cumpram suas
funções dentro do complexo tecido das relações sociais e econômicas da
humanidade.
Sob o aspecto da logística das empresas e de suas
necessidades, envolve estradas, energia, comunicações, infraestrutura de
mineração, disponibilidade de matérias-primas para a indústria da construção
civil e outros.
O conjunto da população ainda depende de outros aspectos de
infraestrutura, destacando-se saúde, transportes, segurança, saneamento, etc.
Hoje cada vez mais cresce a lista dos bens catalogados como
infraestrutura, como estações de micro-ondas, estações de rádio base, redes de
fibra ótica e outros.
Mas questões básicas como evitar o assoreamento dos rios por
fenômenos descontrolados de erosão produzidos por expansão rural ou urbana
descontrolada e que poderiam ser evitadas com pequenas ações corretivas ou
preventivas, são problemas fundamentais que permanecem e se ampliam com o
crescimento demográfico desordenado e a desarticulação da capacidade de
intervenção dos órgãos responsáveis pela infraestrutura pública.
Raciocínio semelhante pode ser feito com as denominadas
áreas de risco que são as áreas alagáveis ou passíveis de instabilizações de
taludes que colocam em risco populações assentadas, geralmente de baixa renda.
Esta realidade amplia cada vez mais o fosso que separa as
populações do Brasil que está integrado ou incluído e o Brasil dos excluídos e
dos marginalizados, que sem educação cada vez mais se tornam párias sociais,
sem a perspectiva de oportunidades.
As disponibilidades e as necessidades de infraestrutura
diferenciadas operam como excelentes indicadores sociais. Enquanto áreas são
servidas por redes de cabo de fibra ótica, populações inteiras marginalizadas
vivem nas denominadas áreas de risco.
Estas áreas nada mais são do que regiões inundáveis no
interior do domínio das planícies aluviais dos rios ou áreas de encosta com
declividade elevada, nas quais as edificações sofrem riscos de colapsos por
instabilização de taludes verticais e cortes mal drenados dos terrenos.
Estes não são os únicos meios sócios econômicos ou
antrópicos, cuja listagem é quase infinita e multivariada de acordo com a
circunstância considerada, mas estes são meio relevantes como exemplificação.
(ecodebate)
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