Corte de água economiza 72% mais que bônus a consumidor
Redução da pressão na rede e na venda de água no atacado
economizou 6.355l/s pela população em setembro.
A redução da pressão da água na
rede e a diminuição do volume vendido no atacado para cidades com empresas
próprias de saneamento garantiram economia 72% maior do que o programa de bônus
aos consumidores. Balanço da Companhia de Saneamento Básico do Estado de São
Paulo (Sabesp), divulgado em setembro, mostra que as medidas de restrição de
distribuição resultaram em economia de 6.355 litros por segundo na Grande São
Paulo. A quantidade poupada pela população foi de 3.683 l/s.
Segundo a companhia, as reduções de
pressão e de volume de água a atacado, vendido a cidades como Guarulhos e São
Caetano, não são “medidas de racionamento”.
Os números constam da apresentação
feita no início deste mês pela presidente da Sabesp, Dilma Pena, à Comissão
Parlamentar de Inquérito (CPI) da Câmara Municipal que investiga o serviço de
abastecimento na capital. Os dados são referentes às regiões atendidas pelos
Sistemas Cantareira, Alto Tietê e Guarapiranga, que atendem 90% da Grande São
Paulo.
A medida mais eficiente tem sido a
redução da pressão da água à noite, que levou a uma economia de 5.471 litros
por segundo, volume suficiente para abastecer cerca de 1,6 milhão de pessoas. A
prática, que tem como objetivo reduzir as perdas de água na distribuição, é
adotada pela Sabesp desde 2007, mas foi intensificada neste ano de crise
hídrica, com a instalação de 59 válvulas redutoras no primeiro semestre deste
ano, ante 64 em todo o ano passado.
Em abril, o Estado revelou que a Sabesp estava
reduzindo em até 75% a pressão da água durante a madrugada, quando
as perdas na distribuição costumam aumentar por causa da redução do consumo, o
que deixa a rede mais suscetível a vazamentos. Dilma diz que a prática não é
racionamento, mas admitiu que pode atingir 2% da população, ou 400 mil pessoas,
que ficam em regiões mais altas.
Redução da pressão e diminuição do
volume vendido no atacado economizam mais água.
Hoje, são 1.230 válvulas redutoras
de pressão, que cobrem 14 mil quilômetros da rede, ou 44% da Grande São Paulo.
Segundo a Sabesp, a redução da pressão é mais eficiente na região atendida pelo
Cantareira, como a zona norte da capital, onde a economia em setembro foi de
2.372 litros por segundo, pouco inferior à obtida pelo bônus: 2.583 litros por
segundo. Nos bairros atendidos pelo Sistema Alto Tietê, como a zona leste, a
economia com pressão noturna foi quase quatro vezes maior do que a da
população.
Segundo a Sabesp, outros 884 litros
por segundo foram poupados com “redução dos volumes entregues” para cidades que
compram água da companhia. A economia de água com o bônus na conta chegou a 3,9
mil litros por segundo em agosto, mas caiu para 3.683 litros por segundo em
setembro, o que levou o governo Geraldo Alckmin (PSDB) a ampliar o programa com
novos descontos.
“Fica claro que essas medidas não
estão sendo suficientes. É preciso que, além do bônus, seja instaurada a tarifa
progressiva para quem demonstrar gastos progressivos. Para isso, o governo deve
oficializar o racionamento, como prevê o decreto que regulamenta a Lei de
Saneamento Básico”, disse Glauco Kimura de Freitas, da ONG WWF-Brasil.
Expressivo
A Sabesp informou, em nota, que
espera que os novos descontos “tragam economia expressiva”. “O novo programa de
bônus visa a estimular a participação dos clientes para o uso racional da água,
tendo em vista a enorme contribuição dada pela população”, afirmou a Sabesp.
Segundo a empresa, “diminuição de pressão noturna é uma das medidas do programa
corporativo de redução de perdas”. O índice de perdas caiu de 30,8% do volume
produzido em janeiro de 2013 para 30,4% em julho. (OESP)
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