segunda-feira, 27 de outubro de 2014

Falta de água inédita para a maioria das empresas de SP

Indústrias como a Cummins, em Guarulhos, e a Rhodia, em Paulínia, têm recorrido à compra de água de carros-pipa.
Sem água suficiente para manter a produção, a Cummins, fabricante de motores e geradores em Guarulhos, na Grande São Paulo, apelou para a compra de água que chega duas vezes por dia em caminhão-pipa. O complexo da Rhodia em Paulínia, na região de Campinas, tem feito um rodízio, suspendendo a produção em fábricas alternadas para evitar a escassez.
Os custos extras com essas ações não são revelados. A falta de água que se arrasta há vários meses é um fenômeno inédito para a maioria das empresas. “Em mais de 70 anos, nunca havíamos enfrentado um problema desses”, diz um porta-voz da Rhodia. A crise hídrica afeta principalmente o sistema Cantareira, que abastece mais de 70 municípios de São Paulo e cuja água segue para rios do interior, como Atibaia e Piracicaba.
Logo no início da estiagem, em fevereiro, a Rhodia parou sua produção de matéria-prima para a indústria química em Paulínia por duas semanas. Desde então, adota medidas para evitar situações mais graves. O grupo tem paralisado unidades de produção de acordo com a disponibilidade de água captada no rio Atibaia.
No momento, um grupo de 100 funcionários - de um total de 850 do conjunto industrial que reúne 22 unidades produtivas - não está na linha de produção. Eles foram deslocados para atividades de manutenção e treinamento.
Para evitar falta de produto para os clientes, a Rhodia está importando matéria-prima de outras unidades do grupo no mundo em substituição ao que deixa de produzir. Também tem feito estoques ao longo do ano com o aumento da produção em determinados períodos.
Caminhão pipa. Na Cummins, há três meses um caminhão pipa descarrega diariamente 20 m³ de água pela manhã e 20 m³ à tarde para complementar o fornecimento da rede pública.
“Também desenvolvemos ações internas, como a substituição de válvulas de torneiras, inspeções semanais para verificar se há vazamentos e processos para reutilização da água”, diz Cintia Silva, supervisora de Segurança e Meio da Cummins.
Segundo Cintia, por enquanto a entrega de dois caminhões-pipa por dia é suficiente para manter o funcionamento da fábrica, mas, por precaução, a empresa já tem um contrato para o fornecimento de até dez caminhões por dia, se necessário.
Característico do Nordeste, que sempre sofreu com a seca, o caminhão-pipa começa a ganhar espaço em São Paulo, abastecendo condomínios, restaurantes e empresas. Em Campinas, a demanda por carros-pipa explodiu. “É uma loucura, não conseguimos atender nem metade dos pedidos”, diz Francenir de Souza, 63 anos, funcionário da Água Jato Transportes.
A montadora Hyundai reduziu o consumo em sua unidade em Piracicaba e adota um sistema de reúso. O grupo deixou de captar água do Rio Piracicaba em razão da crise e passou a comprá-la de outras fontes.
A Mercedes-Benz tem registrado problemas de abastecimento na unidade em Campinas, onde mantém sua área de pós-venda. Segundo a empresa, a lavagem de veículos está suspensa e a frequência da lavagem de pisos, antes diária, agora é de uma vez por semana. (OESP)

Nenhum comentário:

Poluição plástica pode matar embriões de animais oceânicos

Oceanos em 2050 vão ter mais plástico do que peixes, alerta Fórum de Davos. Altos níveis de poluição plástica podem matar os embriões de uma...