Indústrias como a Cummins, em Guarulhos, e a Rhodia, em
Paulínia, têm recorrido à compra de água de carros-pipa.
Sem água suficiente para manter a
produção, a Cummins, fabricante de motores e geradores em Guarulhos, na Grande
São Paulo, apelou para a compra de água que chega duas vezes por dia em
caminhão-pipa. O complexo da Rhodia em Paulínia, na região de Campinas, tem feito
um rodízio, suspendendo a produção em fábricas alternadas para evitar a
escassez.
Os custos extras com essas ações
não são revelados. A falta de água que se arrasta há vários meses é um fenômeno
inédito para a maioria das empresas. “Em mais de 70 anos, nunca havíamos
enfrentado um problema desses”, diz um porta-voz da Rhodia. A crise hídrica
afeta principalmente o sistema Cantareira, que abastece mais de 70 municípios
de São Paulo e cuja água segue para rios do interior, como Atibaia e
Piracicaba.
Logo no início da estiagem, em
fevereiro, a Rhodia parou sua produção de matéria-prima para a indústria
química em Paulínia por duas semanas. Desde então, adota medidas para evitar
situações mais graves. O grupo tem paralisado unidades de produção de acordo com
a disponibilidade de água captada no rio Atibaia.
No momento, um grupo de 100
funcionários - de um total de 850 do conjunto industrial que reúne 22 unidades
produtivas - não está na linha de produção. Eles foram deslocados para
atividades de manutenção e treinamento.
Para evitar falta de produto para
os clientes, a Rhodia está importando matéria-prima de outras unidades do grupo
no mundo em substituição ao que deixa de produzir. Também tem feito estoques ao
longo do ano com o aumento da produção em determinados períodos.
Caminhão pipa. Na Cummins, há
três meses um caminhão pipa descarrega diariamente 20 m³ de água pela manhã e
20 m³ à tarde para complementar o fornecimento da rede pública.
“Também desenvolvemos ações
internas, como a substituição de válvulas de torneiras, inspeções semanais para
verificar se há vazamentos e processos para reutilização da água”, diz Cintia
Silva, supervisora de Segurança e Meio da Cummins.
Segundo Cintia, por enquanto a
entrega de dois caminhões-pipa por dia é suficiente para manter o funcionamento
da fábrica, mas, por precaução, a empresa já tem um contrato para o
fornecimento de até dez caminhões por dia, se necessário.
Característico do Nordeste, que
sempre sofreu com a seca, o caminhão-pipa começa a ganhar espaço em São Paulo,
abastecendo condomínios, restaurantes e empresas. Em Campinas, a demanda por
carros-pipa explodiu. “É uma loucura, não conseguimos atender nem metade dos
pedidos”, diz Francenir de Souza, 63 anos, funcionário da Água Jato
Transportes.
A montadora Hyundai reduziu o
consumo em sua unidade em Piracicaba e adota um sistema de reúso. O grupo
deixou de captar água do Rio Piracicaba em razão da crise e passou a comprá-la
de outras fontes.
A Mercedes-Benz tem registrado
problemas de abastecimento na unidade em Campinas, onde mantém sua área de
pós-venda. Segundo a empresa, a lavagem de veículos está suspensa e a
frequência da lavagem de pisos, antes diária, agora é de uma vez por semana.
(OESP)
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