Seca leva condomínios a vetar uso de piscina, salão de
festas e churrasqueira
A crise hídrica que afeta o Cantareira faz com que moradores
tomem medidas restritivas de consumo; obras para perfuração de poços
artesianos, captação da chuva e reuso de água de máquina de lavar são
alternativas debatidas entre paulistanos.
Crise hídrica que afeta o
Cantareira faz com que moradores tomem medidas restritivas de consumo
A crise hídrica de São Paulo já
leva condomínios a adotar medidas restritivas no uso das áreas comuns como
forma de amenizar ou postergar a falta d’água. Piscinas fechadas durante a
semana, churrasqueiras e salões de festas vetados por tempo indeterminado e até
racionamento interno implementado pelo síndico são práticas hoje aceitas por
moradores que temem um mal ainda maior: a torneira seca.
Obras para possibilitar a captação
da água da chuva, da máquina de lavar ou mesmo de poços artesianos também fazem
parte da lista de medidas cogitadas para assegurar o abastecimento dos prédios
da capital. Segundo levantamento recente feito pela administradora de
condomínios Lello, 37% dos paulistanos vivem em apartamentos – cerca de 4
milhões de pessoas.
As ações têm sido discutidas em
reuniões extras de condomínio agendadas geralmente após ao menos um dia de
interrupção no fornecimento de água pela Companhia de Saneamento Básico do
Estado de São Paulo (Sabesp). Mas mesmo quem ainda não sofreu com a falta
d’água começa a se planejar para evitar que isso aconteça.
Com 400 apartamentos, espalhados em
quatro torres, o Condomínio Cores da Barra, que fica na Barra Funda, zona oeste
da capital, já vetou o uso da piscina de segunda a sexta-feira. De acordo com o
síndico, Fabio Arra, o processo de limpeza e manutenção da piscina, que tem 300
mil litros de água, consome, em média, 20 mil litros.
“Ao permitir a utilização somente
nos fins de semana, vamos reduzir isso pela metade ou até menos. É uma questão
de bom senso e também de segurança, já que não estamos repondo o nível. Com a
piscina mais baixa, há risco para os usuários e para os equipamentos”,
diz.
Na próxima reunião de condomínio,
marcada para amanhã, Arra também pretende propor a possibilidade de perfurar um
poço no terreno para buscar água do lençol freático. Essa medida, no entanto,
vai depender de autorização do Departamento de Águas e Energia Elétrica (DAEE),
órgão estadual responsável pelas licenças. O procedimento dura, em média, três
meses e pode custar R$ 10 mil.
Para a gerente de produtos da
Lello, Raquel Tomasini, as medidas ajudam os condomínios a economizar. Mas,
segundo a especialista, o principal desafio é conscientizar o morador da
necessidade de consumir água com critério. “Quem mora em prédio costuma sentir
menos a falta d’água porque, geralmente, os reservatórios são grandes”, afirma.
Os cerca de 1,5 mil moradores do
Condomínio Chácara das Flores, na zona leste, resolveram agir por conta
própria. Sem outras opções de economia, eles adotaram um racionamento interno.
Os registros dos 363 apartamentos são desligados diariamente, das 13 às 17
horas. O rodízio foi iniciado há pouco mais de uma semana, e a expectativa é de
que o resultado venha na conta do próximo mês.
Festa
Em tempos de seca, o uso das áreas
comuns do Condomínio Platinum, que fica na região do Jardim Guedala, zona sul,
também ficou restrito. A síndica Maria Flora Fernandez vetou o aluguel do salão
de festas e da churrasqueira. Com 60 apartamentos, o prédio de alto padrão
também deve “perder” a piscina em pouco tempo. É que desde o agravamento da
seca, o condomínio não tem reposto a água. “Quem usa já percebe a diferença. A
piscina está mais baixa”, diz Flora.
Mas, apesar de
impopulares, as medidas adotadas até agora têm o apoio dos condôminos, garante
a síndica. “Havia três festas marcadas. Fiquei preocupada, mas todos entenderam
os motivos e não reclamaram”, afirma Flora. (OESP)
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