Marca se deve em boa parte à temperatura elevada na
superfície dos oceanos, segundo dados da Organização Meteorológica Mundial, da
ONU.
Termômetro marca 39°C na Avenida Paulista, em São Paulo.
Este ano está prestes a se tornar o
mais quente de que se tem registro, afirmou a Organização Meteorológica Mundial
(OMM), da ONU em 03/13/14. O calor recorde se deve, principalmente, às
altas temperaturas registradas na superfície dos oceanos, que, provavelmente,
continuarão elevadas até o fim de dezembro. A OMM aponta que o
aquecimento é um fator de desequilíbrio do clima mundial, podendo provocar
inundações e secas extremas, de que é exemplo a estiagem em São Paulo, segundo
a entidade.
De acordo com dados divulgados
pela OMM na Conferência Climática das Nações Unidas, a COP 20, a temperatura
média global nos dez primeiros meses deste ano ficou 0,57°C acima da média de
14°C entre 1961 e 1990, período usado como referência pela agência da ONU.
Considerando-se apenas o padrão dos últimos dez anos, a média foi 0,09°C maior.
Se a temperatura global se mantiver
elevada, 2014 será mais quente que 2010, 2005 e 1998, até agora os anos mais
quentes. Contando com 2014, 14 dos 15 anos mais quentes da história pertencem
ao século XXI. Os registros de temperaturas globais confiáveis datam de
aproximadamente 1850.
“O que vimos neste ano é
consistente com o que esperamos de um clima em mudança”, disse Michel Jarraud,
secretário-executivo da OMM, em comunicado. “Emissões recorde de gases-estufa
associadas às concentrações de gases na atmosfera estão levando o planeta para
um futuro incerto e inóspito.”
No mês passado, a Agência Oceânica
e Atmosférica dos Estados Unidos (NOAA) já havia afirmado que os dez
primeiros meses de 2014 foram os mais quentes do planeta desde
o início dos registros de temperatura em 1880.
Seca em São Paulo
As altas temperaturas tiveram um
impacto severo em todo o mundo, e a OMM usa a capital paulista para exemplificar
o que pode acontecer em outros lugares. "A cidade de São Paulo foi
particularmente afetada por uma severa falta de água. Partes do Nordeste e
algumas áreas do centro do Brasil estão em um estado de seca severa que já se
estende por mais de dois anos", diz o comunicado. Também há seca na
China, na Austrália e no Canadá e em Estados americanos, como Califórnia,
Nevada e Texas, a quantidade de chuva foi inferior a 40% da média registrada
entre 1961 e 1990.
Se, no segundo semestre, faltou
água em São Paulo, em maio as chuvas superaram as médias anuais em 250% no
Paraguai, no sul da Bolívia e em partes do Sul e Sudeste do Brasil. O Rio
Paraná transbordou, com 200 000 moradores da região afetados, principalmente no
Paraguai. Buenos Aires, na Argentina, também sofreu com as fortes chuvas. Na
Grã-Bretanha, foram doze tormentas e o inverno mais chuvoso já registrado, 177%
acima da média. Em maio, inundações atingiram 2 milhões de pessoas nos Balcãs,
além de milhões de outros no Paquistão e em Bangladesh. Na Turquia, as chuvas
chegaram a ser 500% superior à média anual. Em setembro, o sul da França
registrou maiores chuvas desde anos 1950.
Efeito estufa
O calor intenso registrado nos
oceanos está ligado à concentração recorde de gases de efeito estufa na
atmosfera. De acordo com OMM, os oceanos absorvem 93% da energia em excesso na
atmosfera. O resultado disso é o degelo de placas inteiras nos dois polos do
planeta. Em 17/09/14 o gelo no Ártico chegou a 5,02 milhões km2, o sexto menor da história.
Apesar de todos os esforços
internacionais, a OMM alerta que a concentração de gás carbônico, metano e
outros gases segue aumentando. No caso do gás carbônico, a taxa é de 142% acima
da era pré-industrial. A elevação entre 2012 e 2013 foi a maior jamais
registrada em apenas um ano. (veja)
Nenhum comentário:
Postar um comentário