Encontro de alto nível sobre gestão de água não terá membros
de estatais ou governos brasileiros, apesar da crise hídrica.
Só um acadêmico brasileiro inscrito.
Sem-teto tomando banho num cano de esgoto que deságua no Rio
Tietê, em SP.
Importante conferência sobre água na China passa em branco no
Brasil.
Começou em 11/01/15 uma das principais conferências sobre gestão de água
no mundo, a Water
Research Conference, em Shenzai, na China. Apesar da relevância e
urgência do assunto para o Brasil e do alto nível dos participantes, nenhum
órgão estatal brasileiro enviou representante, segundo informações da
organização do evento. O único brasileiro que o Yahoo Brasil conseguiu contatar
foi o professor José Capelo, que participará do evento representando a
Universidade Federal do Ceará.
"Esta
conferência é uma oportunidade única não só para a apresentação dos resultados
de pesquisa de ponta mas também das aplicações tecnológicas associadas a essas
novas ideias", afirma o professor. "Infelizmente não tenho
conhecimento de nenhuma outra organização pública ou estatal do Brasil que
esteja credenciada para o evento", completa.
Apesar
do Brasil ser o país do mundo com a maior quantidade de recursos
hídricos renováveis (quase
o dobro da Rússia, a segunda colocada da lista), seus centros metropolitanos
sofrem com a meia gestão de recursos pelas mais variadas causa, indo desde
vazamentos na rede até poluição de fontes naturais de água.
Nos
últimos meses, o estresse hídrico na região metropolitana de São Paulo passou a
estar na rotina da mídia, mas a negligência do estado em relação ao assunto vem
de longa data. Relatórios que datam dos anos 70 já alertavam para o risco de
colapso no fornecimento de água. O investimento estatal global (contando
municípios, estados e a União) em tratamento de esgotos e abastecimento de água
é pífio (cerca de 0,1% do PIB, segundo a OMS).
A
gestão de água no Brasil é primordialmente um assunto que exige intervenção dos
governos estaduais, pois são os que normalmente controlam as empresas de
saneamento e fornecimento de água, mas o governo federal pode e deve intervir,
criando espaços para os estados se organizarem (inclusive em relação a recursos
hídricos interestaduais), propondo regimes fiscais que estimulem o reuso de
água e criando diretrizes nacionais para estabelecer parâmetros de qualidade.
Para
o professor Capelo, qualificação técnica não falta. "A Sabesp é a melhor
empresa de saneamento do Brasil e uma das melhores do mundo, com funcionários
que são mestres e doutores e de altíssima capacidade", explica. "O
que falta é visão estratégica - neste caso, do governo de São Paulo, que é quem
define a política da Sabesp".
No
programa, estão assuntos diretamente ligados aos problemas que as políticas
públicas negligenciam: técnicas de tratamento de esgoto, reuso de água,
gerência de reservatórios contaminados e novos processos químicos.
"Uma
conferência desse porte é o fórum ideal para se discutir soluções para o
problema, mas tanto os gestores públicos quanto a sociedade precisam cumprir
suas funções - o primeiro admitindo o problema e apresentando soluções, e a
segunda, cobrando e se manifestando de forma organizada", conclui. (yahoo)
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