terça-feira, 13 de janeiro de 2015

Brasil ignora conferência internacional sobre água

Encontro de alto nível sobre gestão de água não terá membros de estatais ou governos brasileiros, apesar da crise hídrica.
Só um acadêmico brasileiro inscrito.
Sem-teto tomando banho num cano de esgoto que deságua no Rio Tietê, em SP.
Importante conferência sobre água na China passa em branco no Brasil.
Começou em 11/01/15 uma das principais conferências sobre gestão de água no mundo, a Water Research Conference, em Shenzai, na China. Apesar da relevância e urgência do assunto para o Brasil e do alto nível dos participantes, nenhum órgão estatal brasileiro enviou representante, segundo informações da organização do evento. O único brasileiro que o Yahoo Brasil conseguiu contatar foi o professor José Capelo, que participará do evento representando a Universidade Federal do Ceará.
"Esta conferência é uma oportunidade única não só para a apresentação dos resultados de pesquisa de ponta mas também das aplicações tecnológicas associadas a essas novas ideias", afirma o professor. "Infelizmente não tenho conhecimento de nenhuma outra organização pública ou estatal do Brasil que esteja credenciada para o evento", completa.
Apesar do Brasil ser o país do mundo com a maior quantidade de recursos hídricos renováveis (quase o dobro da Rússia, a segunda colocada da lista), seus centros metropolitanos sofrem com a meia gestão de recursos pelas mais variadas causa, indo desde vazamentos na rede até poluição de fontes naturais de água.
Nos últimos meses, o estresse hídrico na região metropolitana de São Paulo passou a estar na rotina da mídia, mas a negligência do estado em relação ao assunto vem de longa data. Relatórios que datam dos anos 70 já alertavam para o risco de colapso no fornecimento de água. O investimento estatal global (contando municípios, estados e a União) em tratamento de esgotos e abastecimento de água é pífio (cerca de 0,1% do PIB, segundo a OMS).
A gestão de água no Brasil é primordialmente um assunto que exige intervenção dos governos estaduais, pois são os que normalmente controlam as empresas de saneamento e fornecimento de água, mas o governo federal pode e deve intervir, criando espaços para os estados se organizarem (inclusive em relação a recursos hídricos interestaduais), propondo regimes fiscais que estimulem o reuso de água e criando diretrizes nacionais para estabelecer parâmetros de qualidade.
Para o professor Capelo, qualificação técnica não falta. "A Sabesp é a melhor empresa de saneamento do Brasil e uma das melhores do mundo, com funcionários que são mestres e doutores e de altíssima capacidade", explica. "O que falta é visão estratégica - neste caso, do governo de São Paulo, que é quem define a política da Sabesp".
No programa, estão assuntos diretamente ligados aos problemas que as políticas públicas negligenciam: técnicas de tratamento de esgoto, reuso de água, gerência de reservatórios contaminados e novos processos químicos.
"Uma conferência desse porte é o fórum ideal para se discutir soluções para o problema, mas tanto os gestores públicos quanto a sociedade precisam cumprir suas funções - o primeiro admitindo o problema e apresentando soluções, e a segunda, cobrando e se manifestando de forma organizada", conclui. (yahoo)

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