segunda-feira, 9 de fevereiro de 2015

Rodízio de água é ‘próxima opção’

Rodízio de água é ‘próxima opção’, diz secretário. E conta deve ficar mais cara.
Chuvas devem ficar entre 80% e 90% da média no Sudeste em fevereiro, segundo Climatempo.
Nível dos reservatórios, que já está bem abaixo da época do racionamento em 2001, deve subir de forma lenta neste período úmido.
As chuvas dos meses de janeiro e fevereiro são muito importantes para a geração de energia hidrelétrica. Patrícia Madeira, meteorologista do Climatempo, calcula que essas chuvas representam, normalmente, cerca de 28% do total da geração de energia anual do Sudeste. No período úmido como um todo, ou seja, de dezembro a abril, a representatividade chega a 61%. Por isso é importante que elas ocorram em abundância durante esses meses, sob a pena de comprometer o abastecimento de energia. Mas não foi isso que aconteceu em 2014 e que fatalmente não acontecerá em 2015. Em janeiro, um bloqueio atmosférico entre os dias 6 e 21 impediu que as chuvas caíssem nos reservatórios do Sudeste, e em fevereiro a previsão do Climatempo é que as chuvas fiquem entre 80% e 90% da média.
"Como os reservatórios estão muito vazios, uma boa parte dessa chuva será absorvida pelo solo, o que faz com que o replecionamento seja lento", apontou Patrícia em entrevista à Agência Canal Energia. Segundo ela, o mesmo acontece no Nordeste, principalmente na região do Alto São Francisco, que deve ter chuvas abaixo da média. Na região fica a usina de Três Marias, da Cemig, que segundo o Operador Nacional do Sistema Elétrico, está apenas com 10,56% da sua capacidade de armazenamento. Já no médio e baixo São Francisco, as chuvas em fevereiro podem vir um pouco acima da média, assim como nas regiões Sul e Norte.
O que está impedindo as chuvas de chegarem com mais intensidade em fevereiro, principalmente no Sudeste, explica Patricia, é que não está prevista a formação de um fenômeno importante que é a Zona de Convergência do Atlântico Sul (ZCAS). "Sem as ZCAS dificilmente as chuvas são acima da média. Como esse ano não tem, ficaremos abaixo da média, mas não será um mês de fevereiro tão severo como ano passado", disse. Mesmo assim, as chuvas previstas para o período úmido não serão suficientes para recuperar os reservatórios e dar tranquilidade para atravessar o período seco. "Teria que chover muito mais. A média já não seria suficiente. Já choveu menos que a média em janeiro e a expectativa para janeiro e março é de ficar um pouco abaixo da média, o que é pouco para passar com tranquilidade nesse período seco", explicou.
O cenário de chuvas desenhado para os próximos meses deixa ainda mais crítica a situação de abastecimento no país. O nível dos reservatórios estão muito menores do que na época do racionamento em 2001. No dia 31 de janeiro de 2015, de acordo com o ONS, o nível de armazenamento no SE/CO estava em 16,8%, e no NE, em 16,3%, contra pouco mais de 30% no SE/CO e de quase 40% no NE no mesmo período de 2001. Naquele ano de racionamento, os reservatórios do SE/CO, principais do país, atingiram seu menor valor em setembro, quando estavam com cerca de 20%, nível mais elevado que os atuais.
"Ano passado estávamos preocupados e os reservatórios estavam em torno de 40%. Esse ano está ainda pior. Tem que ter um dilúvio de arca de Noé para reverter a situação. O pior é que tem que sair de uma situação de baixa hidrologia para uma reversão completa, o que no histórico aconteceu pouquíssimas vezes", declarou João Mello, presidente da Thymos Energia.
O executivo acredita que será difícil escapar de um racionamento em 2015 com a hidrologia que vem se apresentando. Ele também aponta que os meses de janeiro, fevereiro e março são os mais importantes em termos de chuva e afluências para o setor elétrico. Segundo ele, os três meses representam basicamente 50% da hidrologia. "Em três meses a hidrologia tem o mesmo peso do restante do ano inteiro", comenta. O ministro de Minas e Energia, Eduardo Braga, já avisou que está sendo preparado um conjunto de medidas para incentivar o uso eficiente de energia, que deve ser divulgado em 60 dias.
Na última sexta-feira, 30 de janeiro, o ONS também divulgou previsões nada animadoras de afluências para o mês de fevereiro. No Sudeste/Centro-Oeste, dados preliminares apontam para uma vazão de 52% da Média de Longo Termo. No Nordeste, a situação é ainda mais crítica, 18% da MLT. No Sul e no Norte, a expectativa de vazão chega a 126% da MLT e 76% da MLT, respectivamente. (canalenergia)

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