Chuvas devem ficar entre 80% e 90% da média
no Sudeste em fevereiro, segundo Climatempo
Nível dos reservatórios, que já está bem
abaixo da época do racionamento em 2001, deve subir de forma lenta neste
período úmido.
As chuvas dos meses de janeiro e fevereiro são
muito importantes para a geração de energia hidrelétrica. Patrícia Madeira,
meteorologista do Climatempo, calcula que essas chuvas representam,
normalmente, cerca de 28% do total da geração de energia anual do Sudeste. No
período úmido como um todo, ou seja, de dezembro a abril, a representatividade
chega a 61%. Por isso é importante que elas ocorram em abundância durante esses
meses, sob a pena de comprometer o abastecimento de energia. Mas não foi isso
que aconteceu em 2014 e que fatalmente não acontecerá em 2015. Em janeiro, um
bloqueio atmosférico entre os dias 6 e 21 impediu que as chuvas caíssem nos
reservatórios do Sudeste, e em fevereiro a previsão do Climatempo é que as
chuvas fiquem entre 80% e 90% da média.
"Como os reservatórios estão muito
vazios, uma boa parte dessa chuva será absorvida pelo solo, o que faz com que o
replecionamento seja lento", apontou Patrícia em entrevista à Agência
Canal Energia. Segundo ela, o mesmo acontece no Nordeste, principalmente na
região do Alto São Francisco, que deve ter chuvas abaixo da média. Na região
fica a usina de Três Marias, da Cemig, que segundo o Operador Nacional do
Sistema Elétrico, está apenas com 10,56% da sua capacidade de armazenamento. Já
no médio e baixo São Francisco, as chuvas em fevereiro podem vir um pouco acima
da média, assim como nas regiões Sul e Norte.
O que está impedindo as chuvas de chegarem com
mais intensidade em fevereiro, principalmente no Sudeste, explica Patricia, é
que não está prevista a formação de um fenômeno importante que é a Zona de
Convergência do Atlântico Sul (ZCAS). "Sem as ZCAS dificilmente as chuvas
são acima da média. Como esse ano não tem, ficaremos abaixo da média, mas não
será um mês de fevereiro tão severo como ano passado", disse. Mesmo assim,
as chuvas previstas para o período úmido não serão suficientes para recuperar
os reservatórios e dar tranquilidade para atravessar o período seco.
"Teria que chover muito mais. A média já não seria suficiente. Já choveu menos
que a média em janeiro e a expectativa para janeiro e março é de ficar um pouco
abaixo da média, o que é pouco para passar com tranquilidade nesse período
seco", explicou.
O cenário de chuvas desenhado para os próximos
meses deixa ainda mais crítica a situação de abastecimento no país. O nível dos
reservatórios estão muito menores do que na época do racionamento em 2001. No
dia 31 de janeiro de 2015, de acordo com o ONS, o nível de armazenamento no
SE/CO estava em 16,8%, e no NE, em 16,3%, contra pouco mais de 30% no SE/CO e
de quase 40% no NE no mesmo período de 2001. Naquele ano de racionamento, os
reservatórios do SE/CO, principais do país, atingiram seu menor valor em
setembro, quando estavam com cerca de 20%, nível mais elevado que os atuais.
"Ano passado estávamos preocupados e os
reservatórios estavam em torno de 40%. Esse ano está ainda pior. Tem que ter um
dilúvio de arca de Noé para reverter a situação. O pior é que tem que sair de
uma situação de baixa hidrologia para uma reversão completa, o que no histórico
aconteceu pouquíssimas vezes", declarou João Mello, presidente da Thymos
Energia.
O executivo acredita que será difícil escapar
de um racionamento em 2015 com a hidrologia que vem se apresentando. Ele também
aponta que os meses de janeiro, fevereiro e março são os mais importantes em
termos de chuva e afluências para o setor elétrico. Segundo ele, os três meses
representam basicamente 50% da hidrologia. "Em três meses a hidrologia tem
o mesmo peso do restante do ano inteiro", comenta. O ministro de Minas e
Energia, Eduardo Braga, já avisou que está sendo preparado um conjunto de
medidas para incentivar o uso eficiente de energia, que deve ser divulgado em
60 dias.
Na última sexta-feira, 30 de janeiro, o ONS
também divulgou previsões nada animadoras de afluências para o mês de
fevereiro. No Sudeste/Centro-Oeste, dados preliminares apontam para uma vazão
de 52% da Média de Longo Termo. No Nordeste, a situação é ainda mais crítica,
18% da MLT. No Sul e no Norte, a expectativa de vazão chega a 126% da MLT e 76%
da MLT, respectivamente. (canalenergia)
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