Crise
hídrica levou a mudança de hábitos entre moradores do Rio de Janeiro
A possibilidade de falta de água nas torneiras levou a uma mudança de
hábitos entre os moradores de diversas áreas da Região Sudeste. No Rio de
Janeiro, um albergue localizado na Tijuca, zona norte da cidade, mostra como a
captação da água da chuva pode ajudar a resolver problemas cotidianos.
Guilherme Caramez Beskow, um dos donos do Maraca Hostel, disse que a
ideia era aliar hospedam e práticas sustentáveis. Para isso, eles procuraram a
ajuda e a parceria do Serviço Brasileiro de Apoio às Micro e Pequenas Empresas
(Sebrae).
Com o agravamento da estiagem no estado do Rio, a instalação de
reservatórios para guardar a água da chuva foi uma forma de ampliar a economia
e estender o projeto de sustentabilidade.
“A gente adaptou também a água do ar condicionado para esses
reservatórios. No ano passado, trocamos as torneiras e as descargas dos vasos
sanitários para aquelas com controle de fluxo. Adaptamos diversas práticas para
fazer a economia de água”, destacou.
Depois das mudanças, também foi possível identificar um vazamento que
aumentava os custos da conta de água. Com o problema resolvido, houve redução
de 50% nos gastos. “Além da água da chuva, a gente está usando a água de saída
da máquina de lavar que vem junto com o sabão para limpar áreas externas. Isso
reduz também a compra de detergentes”, contou Beskow.
No local, também houve a troca de todas as lâmpadas para as do tipo led.
O próximo projeto é o aquecimento de água com o uso da energia solar. “É para
poder economizar também no chuveiro”, acrescentou o sócio prevendo que o
sistema esteja implantado até o meio deste ano. “A gente quer que um ano antes
das Olimpíadas esteja tudo pronto, para estar totalmente preparado para os
jogos de 2016”, completou.
A gestora do Projeto Gestão Turística e Sustentável do SEBRAE, Vanessa
Cohen, disse que a procura dos empreendedores pelo apoio para elaboração de
projetos que ajudem a reduzir o uso de água e energia aumentou. “A estratégia é
difundir e consolidar as boas práticas de sustentabilidade e promover ações de
inovação para melhorar a competitividade dos negócios”, explicou.
Formas alternativas de produção de energia elétrica também tem ganhado
espaço em meio à discussão sobre sustentabilidade.
Um projeto do Negócio Social Insolar, que tem o objetivo de democratizar
o uso de energia solar, vai beneficiar a comunidade Dona Marta, na zona sul do
Rio, com a instalação de placas nas casas.
Sócio do empreendimento, Henrique Drumond explica que o intuito é
instalar as placas em comunidades pacificadas do Rio de Janeiro.
Como o projeto foi enquadrado na categoria de eficiência energética, ele
pode receber recursos de um programa da Agência Nacional de Energia Elétrica
(Aneel), por meio de direcionamento de 0,5% da receita operacional das
distribuidoras de energia para projetos desta categoria. “Esses recursos são
para investir em eficiência energética, em grande parte, em comunidades de
renda mais baixa”, destacou.
Henrique acredita que até o fim deste ano a comunidade do Dona Marta
poderá usar a energia solar. Tudo o que for produzido nas casas poderá ser
utilizado pelos moradores, mas o que sobrar entrará no sistema da Light,
companhia de energia do Rio, e ficará como crédito para o morador, que receberá
o valor em forma de desconto na conta.
“O que a gente tem percebido é que existe interesse das pessoas. A gente
acredita que havendo espaço disponível para a colocação das placas nas lajes
tendo uma boa incidência solar e não tendo nenhuma restrição técnica, a
tendência é que haja boa aceitação da comunidade até porque a gente está
adotando um modelo que acaba reduzindo custo para o beneficiário”, disse.
Além da instalação dos painéis, o projeto faz oficinas de educação
ambiental com os moradores. As próximas comunidades a ter energia solar serão
Babilônia e Rocinha, na zona sul.
Residências do Programa Minha Casa Minha Vida, no estado do Rio, também
estão recebendo projetos de melhoria ambiental. Em Xerém, na Baixada
Fluminense, 215 casas serão entregues aos moradores com placas para captação de
energia solar e estação de tratamento de esgoto. As placas foram instaladas nos
telhados de cada casa.
O secretário de estado de Habitação, Bernardo Rossi, adiantou que as
entregas serão feitas em dois meses. Ele acrescentou que mais 500 unidades que
começarão a ser construídas, na estrada Urucânia, em Santa Cruz, na zona oeste,
terão o processo de captação de água da chuva. “A partir de agora todos os
projetos da secretaria, com recursos próprios ou com outras participações,
terão captação de água de chuva. É uma coisa simples que contribui para a
sustentabilidade e que não vai onerar em nada”, assinalou.
Quanto à inclusão de energia solar nos próximos conjuntos de casas
populares, o secretário disse que é mais caro, e, por isso, ainda está em
estudos. “O de Xerém já tem energia solar, mas os outros ainda estão em fase de
análise”, contou. (ecodebate)
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