Geógrafo
idealizador do projeto Rios e Ruas diz que o primeiro passo para mudar situação
é conscientizar população.
O resumo da história é trágico,
principalmente quando nos lembramos que vivemos uma crise hídrica sem
precedentes: o outrora Planalto de Piratininga tinha uma paisagem farta de
cursos d’água. Chegaram os colonizadores e, 460 anos depois, quase tudo está
entubado, canalizado, escondido sob concreto. E/ou poluído.
Todos os rios da região central
sofreram alguma intervenção humana
“Precisamos salvar nossos rios” é,
por isso, o mantra repetido por muitos ativistas contemporâneos. E faz sentido.
Na região central do município, 98% dos cursos d’água estão sob concreto (confira
infográfico acima) – e todos eles sofreram algum tipo de intervenção
humana, como os fétidos Pinheiros e Tietê que, há décadas, passaram por um
invasivo processo de retificação. Ou seja: em uma guerra idiota, o ser humano
acreditou que poderia dominar as águas, vencê-las. Demorou muito para perceber
que, oprimindo a malha fluvial, não há vencedores possíveis.
Dirigido por Caio Silva Ferraz, o
documentário Entre Rios (2009) escancara essa história (o filme é
este que pode ser assistido logo acima). Mas, em nossa sociedade 2.0, são
muitos os que estão arregaçando as mangas para tentar mudar esse cenário de
repressão fluvial.
O primeiro passo é o da
conscientização. “Começamos a ir a campo, levar o assunto para a rua e envolver
comunidades na busca dos córregos e riachos que está ali perto”, conta o
geógrafo Luiz Campos Júnior, do projeto Rios e Ruas. “O bacana é que
conseguimos mostrar que os rios seguem existindo. Eles podem ter sido
canalizados, pavimentados, retificados… Mas seguem vivos, embora com ruas ou
avenidas em cima”, completa seu sócio, o arquiteto e urbanista José Bueno (os
dois são os que aparecem na foto abaixo).
No
mês passado, um grupo de moradores do entorno do Parque das Corujas, na zona
oeste de São Paulo, se reuniu para pintar de azul, simbolicamente, o trecho
onde deveria passar o córrego das Corujas. Até peixinhos foram desenhados,
lembrando a todos uma São Paulo que poderia existir de verdade, mas ficou
apenas nos mapas e fotografias dos livros de História. Em nome daquilo que
chamamos de “progresso”. (OESP)
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