Governo
diz que situação das represas de SP é grave; Nordeste já está em ‘colapso’
Ministros
fazem balanço e destacam que Cantareira está 11% abaixo do volume útil.
‘Quadros continuam críticos’, diz presidente da Agência Nacional de Águas
(ANA); em 50 cidades nordestinas, fornecimento chega a ser feito uma vez a cada
15 dias.
O
diretor-presidente da Agência Nacional de Águas (ANA), Vicente Andreu, disse
em 01/03 que, mesmo com o cenário favorável de chuvas em
fevereiro e março, o quadro no Estado de São Paulo continua “grave”. Além
disso, mais de 50 municípios no Nordeste estão em colapso hídrico neste momento
- esse número pode chegar a 105 se o regime de chuvas na região não
melhorar.
“Mesmo
tendo sinais de uma quantidade de água mais favorável chegando aos
reservatórios, os quadros continuam críticos. Medidas que foram adotadas até
aqui no controle e na redução das vazões dos reservatórios e dos rios têm de
ser mantidas”, disse Andreu, no Palácio do Planalto, ao apresentar um balanço
da crise hídrica no País. “Nenhuma medida deve ser abrandada.”
Ao
falar especificamente do principal manancial paulista, Andreu destacou que,
apesar das chuvas registradas nos últimos dois meses, as vazões no Cantareira,
que estava ontem com 19,1% da capacidade, ainda não atingiram as médias do
reservatório. “Se você considerar a água em relação ao volume útil, hoje o
reservatório está com -11% em relação ao volume útil, o que significa que você
ainda está usando água abaixo do volume útil”, disse o diretor-presidente da
ANA.
Há algumas semanas, a Sabesp passou a divulgar um
novo cálculo para a contagem da reserva do Cantareira, após pressão do
Ministério Público Estadual.
“O que choveu não foi suficiente para
recuperar o reservatório”, reforçou a ministra do Meio Ambiente, Izabella
Teixeira. Ela disse que o planejamento da campanha sobre uso racional da água,
que está sendo preparada pelo governo, deve ser retomado neste mês, com a
proximidade do fim do período de chuvas.
Como
mostrou o Estado, uma divergência na formulação da campanha entre a Secretaria
de Comunicação do governo - que pretendia creditar a seca que atinge grande
parte do País ao aquecimento global - e o Ministério do Meio Ambiente, que
pretendia deixar de fora uma questão que ainda não tem consenso científico,
travou a campanha. Izabella afirmou que já marcou uma visita ao novo ministro
da Secom, Edinho Silva, para tratar do tema. “Será uma campanha de informação.
Vamos tentar influenciar o comportamento de cada brasileiro. Temos de poupar
água.”
Nordeste
e transposição
Ao
falar do cenário na Região Nordeste, o ministro da Integração Nacional,
Gilberto Occhi, ressaltou que o governo tem investido na construção de poços
para atender municípios. “Queremos entregar as obras hídricas o mais rápido
possível”, disse.
Um
levantamento feito pelo Ministério da Integração Nacional, com dados dos
Estados, relata que há 50 cidades em estado de calamidade, com o fornecimento
de água uma vez a cada quatro dias - chegando até a uma vez a cada 15 dias.
O
governo federal também deve começar a oferecer carros-pipa nas próximas
semanas. “O apoio do governo federal será feito, não definimos como nem quando.
Faremos dentro do que é possível. Na área rural, o abastecimento é feito pelo
Exército e com todo controle eletrônico”, afirmou o ministro da Integração
Nacional. As alternativas, segundo ele, serão discutidas na próxima semana.
Occhi
ressaltou, no entanto, que a solução para a questão hídrica no Nordeste é a
transposição do Rio São Francisco. “A partir do segundo semestre, começaremos a
entregar quilômetros dessa obra e, até o fim de 2016, vamos entregá-la por
inteiro”, disse.
Mas
os dados da Agência Nacional de Águas mostram que mesmo o Rio São Francisco
está ainda longe de um nível satisfatório. Dos dois reservatórios do manancial,
o de Três Marias, na cabeceira, teve recuperação nesse período de chuvas no
Nordeste, mas ainda opera em nível muito baixo. Enquanto isso, o de Sobradinho
mantém-se em situação crítica. (OESP)
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