Mercado
não tem solução para escassez em 2015, diz Sabesp
Companhia
recebeu uma centena de propostas contra a falta d’água, mas só 26 foram
consideradas promissoras no futuro.
Despoluição do Rio Pinheiros e da
Billings, uso de reatores para transformar esgoto em água de reuso, instalação
de cortina para barrar detritos em represa e até de uma cobertura para evitar a
evaporação. Após recorrer ao mercado no auge da crise hídrica, a Companhia de
Saneamento Básico do Estado de São Paulo (Sabesp) recebeu cem propostas para
combater a escassez de água, mas nenhuma capaz de resolver o problema ainda
neste ano.
Estação de tratamento de esgoto
Jacu
“Ninguém chegou e disse assim: ‘Eu
resolvo seu problema em 2015’”, resume Edison Airoldi, superintendente de
Planejamento Integrado da Sabesp, responsável por avaliar as cem propostas recebidas
durante a chamada pública abertas há três meses. “O objetivo imediato não foi
atendido, mas provou que a gente estava no caminho certo, que nossas ações se
mostraram as melhores no curto prazo que tínhamos”, completa.
Rio Pinheiros
Flotação é uma das sugestões que
voltou a surgir.
Das cem propostas, a Sabesp
classificou 26 como “promissoras”, ou seja, podem ser adotadas no futuro, para
aumentar a oferta de água na Grande São Paulo a partir de 2016. Nove delas
envolvem a Represa Billings, considerada pelo governador Geraldo Alckmin (PSDB)
a “grande caixa d’água” da região metropolitana e a aposta da Sabesp para
evitar o rodízio no abastecimento neste ano.
Uma das ações destacadas é o
tratamento e reversão de 15 mil litros por segundo do Rio Pinheiros para a
Billings, por meio da flotação, técnica que consiste em aglutinar a sujeira do
rio em grandes grãos para removê-los. O método chegou a ser testado entre 2007
e 2009, mas foi criticado por alguns ambientalistas e pelo Ministério Público e
abandonado pelo governo. Em fevereiro, quando o Cantareira chegou a 5% da
capacidade, considerando as duas cotas do volume morto, e a Sabesp buscou ajuda
do mercado, Alckmin defendeu a prática.
“Esse processo já foi referendado
pela CETESB (Companhia Ambiental de São Paulo), pela Sabesp e pela Escola
Politécnica da USP. Com 15 mil litros por segundo, você consegue encher a
Billings inteira em dois anos e meio, sem falar do ganho ambiental de limpar a
água do Pinheiros”, afirma João Carlos Gomes Oliveira, presidente da DT
Engenharia, responsável por essa e outras 10 propostas. “Todas poderiam ser
adotadas ainda neste ano, mas ia depender da capacidade de investimento da
Sabesp, que, como sabemos, está com dificuldade financeira.”
Em cima
Sete das 26 propostas estão ligadas
a obras ou soluções já apresentadas pela Sabesp, como a ampliação da capacidade
de produção do Sistema Guarapiranga, aumento da transferência de água para o
Sistema Alto Tietê e a construção de estações produtoras de água de reuso, que
Alckmin anunciou para este ano, mas já foram postergadas.
“Eles (Sabesp) até nos chamaram para
discutir a proposta de tratar até 15 mil litros por segundo do Rio Pinheiros
com reatores biológicos dentro da Billings. Também sugerimos tratar água dos
Rios Tietê e Pinheiros em contêineres instalados nas Marginais para uso não
potável pela indústria”, afirma Mauro Coutinho, diretor técnico da Centroprojekt.
Para o inventor Pedro Ricardo
Paulino, que propôs a instalação de mini usinas que fabricam água usando a
umidade dos rios nas Marginais, o chamado da Sabesp ficou em cima da hora. “Já
tinha sugerido isso em setembro, mas deixaram para a última hora. Agora, fica
mais difícil e caro”, diz. A proposta de Paulino, a exemplo de outras
envolvendo dessalinização da água do mar e coleta de água em cisternas
caseiras, foi descartada pela Sabesp. (OESP)
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