Companhia admite, porém, que
se racionamento drástico for adotado será inviável abastecer ininterruptamente
escolas e ambulatórios.
O presidente da Companhia de
Saneamento Básico do Estado de São Paulo (Sabesp), Jerson Kelman, voltou ontem
a descartar a necessidade de implementar neste ano o rodízio no abastecimento
de água na Grande São Paulo. A empresa admite que, se o racionamento drástico
tiver de ser adotado, será inviável manter o fornecimento ininterrupto para
escolas, clínicas, ambulatórios, centros de acolhida e albergues, mesmo com
caminhão-pipa.
“Não temos nenhuma previsão
de implementar o rodízio em 2015”, disse Kelman durante depoimento na Comissão
Parlamentar de Inquérito (CPI) da Sabesp, na Câmara Municipal de São Paulo. Aos
vereadores, ele repetiu que a hipótese está descartada mesmo se a estiagem no
Sistema Cantareira for até 20% pior do que em 2014, desde que as obras
emergenciais, como a transposição da Billings para o Sistema Alto Tietê, fiquem
prontas dentro do prazo e que a população continue economizando água.
Kelman afirmou que, mesmo
acreditando que o rodízio não será necessário, é preciso se preparar para o
pior. “A situação é como as nuvens, sempre muda”, disse. Conforme o Estado
noticiou na semana passada, o plano de contingência que está sendo elaborado
pelo governo Geraldo Alckmin (PSDB) prevê, no seu pior cenário, a implementação
de um rodízio de cinco dias sem água e dois com, restrito à região do
Cantareira, que ainda abastece 5,4 milhões de pessoas na Grande São Paulo.
Questionado sobre qual seria
o gatilho que acionaria o rodízio, Kelman disse depender de uma série de
fatores e não apenas do nível de armazenamento do Cantareira. Em fevereiro,
assessores de Alckmin afirmaram que o governo divulgaria um índice que serviria
como gatilho oficial do rodízio. À época, o manancial havia atingido -23,3% da
capacidade, ou 5%, considerando as duas cotas do volume morto, o pior índice da
história.
Estratégia
Caso o racionamento drástico
seja adotado, a Sabesp diz garantir o abastecimento ininterrupto apenas em
hospitais (são 1.152 na Grande São Paulo), presídios e centros de internação
(310) e de hemodiálise (116). Em 461 locais, estão sendo construídas redes
exclusivas de abastecimento, como no Hospital das Clínicas, o maior da América
Latina, onde seriam necessários 300 caminhões-pipa por dia para manter o
atendimento. Até março, 328 pontos já haviam sido equacionados.
Segundo a Sabesp, outros
pontos considerados críticos, como escolas (são 4.562), ambulatórios, albergues
e até a Bolsa de Valores, “infelizmente não há viabilidade técnica para manter
o abastecimento individual e de forma ininterrupta” nem com caminhão-pipa. Só
para as 2,3 mil escolas públicas na capital, afirma, seria necessária uma frota
de 700 veículos fazendo 7 mil viagens por dia. (OESP)
Nenhum comentário:
Postar um comentário