A política de importar água
de bacias cada vez mais distantes para satisfazer o crescimento da demanda
começou há mais de dois mil anos com os romanos, dando origem aos seus famosos
aquedutos. A prática ainda persiste, resolvendo, precariamente, o problema de
abastecimento de água de uma região, em detrimento daquela que a fornece. As
soluções mais modernas em termos de gestão de recursos hídricos consistem em
tratar e reusar os esgotos já disponíveis nas próprias áreas urbanas para
complementar o abastecimento público.
A prática de reuso para fins
não potáveis já está consagrada em uma grande multiplicidade de países
desenvolvidos e em vias de desenvolvimento. Atualmente, a proposta evoluiu para
reuso potável por meio da utilização dos sistemas de distribuição existentes,
eliminando os custos associados a linhas paralelas para distribuir água de
reuso.
Os fundamentos ambientais, de
saúde pública e gerencial, assim como os sistemas de tratamento avançados e as
técnicas de certificação da qualidade da água atualmente disponíveis, permitem
fazer uso de recursos hídricos locais, produzindo água segura, que não é,
certamente, proporcionada por sistemas convencionais, tratando água
extremamente poluída. A prática de reuso potável direto para abastecimento
público já está estabelecida em diversos estados americanos, na África do Sul,
Austrália, Bélgica, Namíbia e Singapura, sem que tenham sido detectados
problemas de saúde pública associados.
A existência de precedentes
bem-sucedidos, a visão de segurança adicional no abastecimento de água e a
disponibilidade de água com qualidade elevada são fatores positivos para a
aceitação comunitária da prática de reuso potável direta. Por outro lado,
fatores negativos associados à percepção e aceitação pública podem, se não
forem adotadas estratégias de comunicação e de educação comunitária, se
caracterizar como elementos inibidores da prática. O maior fator limitante,
entretanto, se origina nos órgãos reguladores, que insistem em adotar posturas
conservadoras, propondo normas irracionalmente restritivas, que apenas
contribuem para impedir a importantíssima prática de reuso de água no Brasil.
(ecodebate)
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