As mudanças climáticas constituem uma
séria ameaça aos esforços para o desenvolvimento sustentável e para a redução
da pobreza. A continuidade da trajetória atual de aquecimento deixará um legado
ao planeta, de irreversível transformação, com temperaturas excedendo
amplamente os 2ºC e potenciais impactos devastadores. Se atuarmos rápida e
corajosamente, podemos começar imediatamente a descarbonizar a economia global
e limitar as mudanças climáticas.
Para isso, porém, as lideranças
políticas de todos os países devem agir, resolutamente este ano, para garantir
um melhor futuro para as gerações vindouras e para todas as demais espécies.
E por essas razões é que nós, da Earth League (Liga da Terra)–uma rede internacional
de cientistas de mudanças globais–estamos lançando hoje a “Declaração da
Terra”, um conjunto de oito ações essenciais as discussões da Cúpula do Clima
(COP21), em Paris, no mês de dezembro. São elas:
1. Limitar o aquecimento global abaixo
de 2ºC, sendo este o limite máximo de aquecimento para evitar o risco de
mudanças climáticas perigosas.
2. O máximo que a humanidade pode emitir
no balanço global de carbono—isto é, o limite de emissões futuras de dióxido de
carbono—deve ficar abaixo de 1 trilhão de toneladas (1000 Gt CO2) para termos uma chance razoável de ficarmos abaixo da linha
de 2ºC.
3. Ações de descarbonização profunda, de
início imediato, para que atinjamos uma sociedade de “zero-carbono” em meados
do século, ou um pouco depois, é condição chave para prosperidade futura.
4. Todos os países devem desenvolver
planos de descarbonização de suas economias. Os países ricos e as indústrias
modernas podem e devem assumir a responsabilidade de descarbonizar bem antes de
meados do século.
5. Devemos desencadear uma onda de
inovação climática para o bem global e permitir o acesso universal às soluções
de tecnologia já existentes.
6. As
mudanças climáticas já estão acontecendo. Nós precisamos aumentar, de forma
maciça, o apoio público para as estratégias de adaptação e medidas de redução
de perdas e danos nos países em desenvolvimento.
7. Devemos proteger sumidouros de
carbono e ecossistemas vitais, nossos melhores amigos na luta contra as
mudanças climáticas.
8. Os governos precisam dar apoio
suplementar aos países em desenvolvimento para que possam lidar com as mudanças
climáticas, em um nível pelo menos comparável àqueles da assistência global ao
desenvolvimento.
O Brasil tem se destacado,
mundialmente, na redução de 36% das emissões nos últimos anos, cortando suas emissões brutas de 2,36 Gton CO2 equivalente em 2005 para 1,52 Gton
CO2 equivalente em 2012, de acordo com
as estimativas do MCTI. Isso ocorreu, principalmente, pela redução de cerca de
80% dos desmatamentos da Amazônia e, em menor grau, pela redução também no
bioma cerrado.
O Plano de Agricultura de Baixo
Carbono (ABC) sinaliza caminhos para a sustentabilidade da agricultura
brasileira, na direção de redução das emissões, diminuição da pressão sobre
ecossistemas e, ao mesmo tempo, aumento de produtividade, equação esta que
fecha com a intensa utilização de conhecimento, tecnologias e inovação no campo
e que pode levar ao desmatamento (quase) zero.
No setor de energia, a
descarbonização passa pelo aumento da eficiência energética e da utilização
maciça de energias renováveis — notadamente energias eólica e solar — na matriz
elétrica brasileira. China e Índia têm planos de acrescentar enormemente estas
formas de energia renovável, nos próximos 10 anos, e o Brasil deve seguir o
exemplo.
O Brasil — potência ambiental — deve
apoiar e defender, na COP21, um acordo ambicioso, equitativo e cientificamente
embasado, limitando o aquecimento a 2ºC. (ecodebate)
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