sábado, 27 de junho de 2015

O aviso do papa sobre o clima

Encíclica publicada pelo Vaticano tem advertências importantes mesmo para os otimistas.
Eu sou um otimista, por temperamento e pela observação. E continuo mantendo uma perspectiva esperançosa em parte porque sei que pessoas menos otimistas veem continuamente problemas e desafios a seu redor e soam o alarme – ao qual devemos responder. O papa Francisco acaba de fazer uma advertência em sua encíclica sobre o meio ambiente. O documento é eloquente e inteligente, principalmente como trata o aspecto científico. “Nas últimas décadas, a maior parte das advertências globais se deveu à grande concentração de gases geradores do efeito estufa decorrentes em grande parte da atividade humana”, diz. “Concentrados na atmosfera, esses gases não permitem que o calor dos raios solares refletidos pela terra se disperse no espaço.” Em duas sentenças, ele descreve o mecanismo do aquecimento global de maneira tão lúcida quanto tudo o que tenho lido a respeito.
A encíclica tem um tom sombrio. Mas, na realidade, estão ocorrendo consideráveis mudanças que poderão colocar o planeta num caminho mais sustentável. Nos damos conta disso na leitura de outro importante documento divulgado, com muito menos estardalhaço do que a carta do papa: o relatório especial sobre energia e mudanças climáticas da Agência Internacional de Energia (AIE).
O documento destaca que, em 2014, a economia global cresceu 3%, mas, pela primeira vez em 40 anos, as emissões de dióxido de carbono relacionadas à energia permaneceram inalteradas. No mesmo ano, as energias renováveis representaram cerca de metade de toda a nova geração de enrgia, enquanto a economia global o uso intensivo de energia caiu em média duas vezes mais, ano a ano, em relação a década passada.
Neste momento está havendo uma revolução na área de tecnologia da energia. Em muitos países, o gás natural substituiu o carvão. O custo das células solares despencou. Automóveis, edifícios e máquinas estão se tornando mais econômicos e eficientes.
Mas não é apenas a inovação que estimula o progresso. Também precisamos de uma revolução na política pública. Fred Krupp, diretor do Fundo de Defesa Ambiental, destaca que a maior parte destes avanços no campo da tecnologia e da eficiência não teria acontecido sem a implementação de normas e leis.
Além disso, em primeiro lugar, devemos parar de provocar danos ao clima. “Ainda temos um longo caminho pela frente em matéria de eficiência energética”, observa Krupp. E ele afirma que a energia solar poderia tornar-se muito mais difundida se os governos não se considerassem tão devedores às empresas de fornecimento de energia e ao seu exército de lobistas.
O presidente Obama recomendou que, atá 2025, as emissões do gás metano e do petróleo sejam reduzidas com base nos níveis de 2012. Por sua vez, Krupp destaca que se a mesma medida fosse adotada em todo o globo, ao longo dos próximos 20 anos ela teria o mesmo impacto obtido pelo fechamento de mil usinas elétricas movidas a carvão.
As inovações em tecnologia e na política estão ocorrendo, embora não na escala necessária. É por isso que as advertências do papa são tão úteis e importantes – até mesmo para um otimista como eu. (OESP)

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