Usinas
de reciclagem de entulho em Belo Horizonte e a reciclagem de resíduos da
construção civil
Usina de Reciclagem de Entulhos.
Os
resíduos sólidos resultantes do setor de construção civil, incluindo não apenas
construções novas, mas também demolições costuma dobrar o montante de resíduos
sólidos produzidos por uma comunidade. As pesquisas e o desenvolvimento de
tecnologias para o reaproveitamento dos materiais advindos de construções e
demolições são inúmeros.
Mas
vale ressaltar experiência simples e que é muito relevante pela antiguidade e
persistência que demonstram. São as usinas de reciclagem de resíduos sólidos da
construção civil de Belo Horizonte. Dados indicam que a produção dos entulhos
de construção civil, em todo país, representam um valor per capita que está em
torno de 0,60 tonelada/habitante a cada ano. As quantidades são muito variáveis
por região considerada, mas este número permite fixar um parâmetro idealístico
para a situação.
Nas
usinas de Belo Horizonte, são britados e transformados em brita e areia
materiais de alvenaria passíveis de beneficiamento. A cidade conta com uma rede
de coleta de pequenos volumes, que normalmente são destinados por carroceiros e
outros pequenos veículos. Em volumes maiores, os entulhos são destinados
diretamente na usina, sendo molhados para evitar a formação de poeira e
posteriormente retirados materiais que não podem ser destinados aos britadores.
Com
a primeira unidade operando desde o final do século passado, aproximadamente a
partir de 1.998, a usina de reciclagem do Estoril, já foram viabilizados
milhares de toneladas de reutilização de entulhos como solos para aterramento,
areia e brita. Também se viabilizou empreendimentos de construção de blocos
para construção a partir de material reciclado com cerca da metade do custo de
bloco produzido com material novo.
A
construção civil é um setor muito dinâmico da economia, sendo responsável por
aproximadamente 20% do produto interno bruto (PIB). Estima-se que para cada
posto de trabalho gerado sejam criados cerca de 3 postos indiretos. Assim estas
iniciativas simples e bastante perenes devem ser especialmente saudadas como
relevantes por toda a reciclagem que já produziram. A questão não é de serem
umas operações que atinjam níveis de excelência. Mas é que enquanto se discute
o ideal muitas vezes se deixa de realizar o óbvio e o simples. As usinas de
Belo Horizonte, devem ser exaltadas por isto. São experiências antigas e muito
práticas e persistentes.
A
construção civil embora seja um setor muito dinâmico, nas grandes empresas,
demonstra que não ocorrem mais tanta perda de material, mas nas empresas
pequenas e médias, ainda é grande o desperdício pelas dificuldades de gestão e
pelo conjunto do setor absorver a mão de obra mais desqualificada do mercado.
Esta realidade faz com que o setor tenha muita importância social pela inclusão
social que patrocina, mas, ao mesmo tempo, é uma realidade responsável pelos
elevados índices de desperdício encontrados, que em média devem se situar entre
20 e 30% de todos os materiais.
Os
problemas principais podem ser referidos com estocagem temporária dos
materiais, transporte dentro da obra e gastos para retrabalho e recuperações de
geometria de obra mal encaminhada. A perda da construção civil faz com que o
meio ambiente sofra com a maior exploração para produção de bens industriais e
também determina maior quantidade de emissões atmosféricas para transporte,
além de maior dispêndio econômico, que normalmente é repassado para o custo
final da obra e bancado por todo mercado consumidor.
Em
Belo Horizonte, a cidade sempre esteve na vanguarda da administração e da
gestão dos resíduos sólidos provenientes da construção civil, também chamados
de entulhos. Em São Paulo e Curitiba também se conhece iniciativas, mas ligadas
à iniciativa privada. O que não faz diferença alguma. Importam os resultados,
tomara que sempre fosse viáveis economicamente, as iniciativas do setor
privado. Social e ambientalmente tudo converge para as mesmas resultantes. Mas
no setor privado prepondera ou determina o avanço da iniciativa, a viabilidade
econômica como premissa.
Na
capital mineira, existem três unidades recicladoras, sendo uma situada no
bairro da Pampulha, outra no bairro Estoril e outra às margens da BR 040, no km
531. Para evitar desconfortos com ruídos, os equipamentos de britagem e as
próprias pás carregadeiras, são revestidas, com materiais do tipo
emborrachados, e também, com materiais silenciadores.
A
coleta e transporte dos entulhos valoriza a atividade dos carroceiros, que são
reunidos em associações e cadastrados com veículos transportadores autônomos. O
entulho beneficiado é constituído por cimento, concreto, argamassa, telhas e
tijolos inteiros ou quebrados. Ao chegar na usina o entulho é espalhado por
trator e as impurezas que não podem ser beneficiadas, separadas manualmente,
antes de transporte ao equipamento de britagem. O material que não pode ser
britado é constituído por plásticos, papéis, papelão, metais e madeira.
Restos
de tijolos e telhas são empregados como leito e subleito de pavimentos,
enquanto resíduos de cimento, concreto e argamassa servem de matéria prima
arenosa e são misturados a cimento novo para a fabricação de blocos e tijolos.
Estes materiais são empregados pela prefeitura ou vendidos.
A
vertente social é muito relevante na medida que os carroceiros são integrados
no processo, com a prefeitura assumindo um apoio na manutenção veterinária dos
equinos e emplacando as carroças, criando no carroceiro ampla consciência
ambiental e econômica. Os materiais que antes não tinham serventia passam a ter
valor na medida em que são reciclados para uso na própria construção civil.
Fica
aqui registrada a relevância e principalmente o pioneirismo das iniciativas,
que já contam com quase duas décadas, incrementando avanços ambientais
importantes e melhorias na qualidade de vida das populações beneficiadas.
(ecodebate)
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