Com
as mudanças climáticas globais, estamos indo em direção a um aumento de 2,7°C
na temperatura do planeta e não há mais retorno. Com isto, as previsões de mais
seca no sudeste e nordeste do Brasil e mais chuva no sul têm maior probabilidade
de se concretizarem. Poderemos ter uma folga de um ou dois anos, mas as crises
de eventos extremos tendem a voltar cada vez mais fortes. Há possibilidade de
que a crise hídrica já seja uma “doença crônica” do clima de São Paulo.
Com
temperaturas extremas no verão, a tendência é que os mais velhos e os muito
jovens tenham maior probabilidade de adoecer. Mais do que isto, uma das gêmeas
de São Paulo, a cidade do México, deve sofrer no futuro consequências
parecidas. Milhões de pessoas dessas e outras cidades estão em perigo e os mais
pobres serão os mais atingidos.
Vale ressaltar que a biodiversidade na Amazônia está diminuindo e parece não haver o que fazer. Será que estamos a caminho da sexta extinção em massa na história da terra? Com menos florestas, há possibilidades de o clima mudar em vários lugares do Brasil devido aos efeitos indiretos?
Vale ressaltar que a biodiversidade na Amazônia está diminuindo e parece não haver o que fazer. Será que estamos a caminho da sexta extinção em massa na história da terra? Com menos florestas, há possibilidades de o clima mudar em vários lugares do Brasil devido aos efeitos indiretos?
Mas
por que as medidas necessárias não estão sendo tomadas com a velocidade
adequada? Por que ainda não há políticas públicas consistentes para nos
adaptarmos e minimizarmos os impactos das mudanças climáticas por vir nas
próximas décadas?
Isto
foi o que ouvimos de pesquisadores brasileiros e estrangeiros que se reuniram
para discutir as os impactos das mudanças climáticas em São Paulo. As
discussões tiveram a mediação de jornalistas científicos paulistas em um evento
que marcou a posse dos novos acadêmicos da ACIESP.
Foi
recorrente a discussão em torno do ponto de que o conhecimento científico não
está chegando com a rapidez e clareza necessárias aos executores de políticas
públicas. Esta parece ser uma das lacunas mais importantes, segundo as
discussões entre os especialistas. A complexidade da linguagem científica
parece ser atualmente uma barreira quase intransponível para que a informação
chegue à sociedade de forma clara. Um dos pontos cruciais é que os cientistas
trabalham sempre com certo grau de incerteza. Isto é uma característica da
ciência. Conforme aprofundamos e descobrimos novos fatos, as interpretações vão
gradativamente mudando. Por isto, a resposta a perguntas como “a água vai
acabar?” é quase sempre um “depende” ou um “talvez”, ao invés de um sim ou não.
O que parece faltar na conexão entre o mundo científico e o social é um acordo
sobre o que significa a incerteza.
A
sociedade deve compreender que em ciência não há respostas absolutas. A ciência
está avançando o conhecimento a cada dia e as interpretações vão sempre se
aprimorando. Esta desconexão pode ser tratada através de trabalho duro em
conjunto entre os cientistas e os diferentes setores da sociedade. É preciso
discutir com profundidade. Sair do superficial, compreender da melhor forma
possível todas as conexões possíveis entre os fatos que se apresentam. É
preciso fazer isto em conjunto. Não há como setores isolados da sociedade
resolverem sozinhos os problemas complexos como os oriundos dos impactos das
mudanças climáticas.
É
para isto que servem as Academias de Ciências. Não para tomar decisões, mas
para discutir e transmitir o conhecimento científico da melhor forma possível
aos diferentes atores sociais. Mas tudo isto sem perder informações importantes
e complexas que são o pano de fundo do cenário em que temos que decidir o que
fazer. Tomar decisões com base em conhecimento científico compensa. As
sociedades que o fazem erram menos e são mais ricas e estáveis. Uma sociedade
que se baseia em ciência fortalece a sua democracia. (ecodebate)
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