Relatório do Greenpeace indica que o desmatamento pode
estar na mesa do brasileiro
As
sete maiores redes varejistas do Brasil tiveram suas políticas de compra de
carne bovina analisadas e todas ficaram longe de garantir segurança contra
carne contaminada com desmatamento, trabalho escravo e violência no campo.
Para
marcar o lançamento da campanha “Carne ao molho madeira”, que mostra como os
supermercados estão ajudando a devastar a Amazônia, o Greenpeace realizou uma
ação em uma loja do Pão de Açúcar. A ação busca conscientizar os consumidores
sobre a relação entre o desmatamento, a pecuária e a carne que chega à sua
mesa.
Você
sabe de onde vem a carne que você come? E se você descobrisse que a picanha do
churrasco de domingo foi produzida às custas do desmatamento, alimentando uma
cadeia criminosa de grilagem de terra e um ciclo de violência, desrespeito e
destruição na Amazônia? Pois não é nada fácil saber. Hoje, os principais
supermercados do Brasil não garantem para seus clientes que a carne vendida nas
gôndolas respeita o meio ambiente e os direitos humanos.
É
hora de mudar isso. O supermercado que vende a carne tem o poder de quebrar
essa corrente. Cada um de nós, juntos, pode pressionar os supermercados para
liderar essa mudança e trazer a proteção das matas para o centro de suas
políticas de compra de carne bovina. O primeiro passo está sendo dado agora: o
Greenpeace lançou em 18/11/15 o relatório “Carne ao Molho Madeira – Como os supermercados estão ajudando
a devastar a Amazônia com a carne que está em suas prateleiras”.
A
partir do levantamento de informações de sete redes de supermercados – que
juntas representam cerca de dois terços de todas as vendas de varejo em
território nacional – o relatório mapeia como as maiores redes varejistas do
Brasil vêm lidando com o problema. O resultado é assustador: dentro do ranking
que resume a avaliação das empresas, nenhuma delas atinge o patamar “verde”,
que corresponde a um percentual de 70% a 100%. “Ou seja, a avaliação revela que
nenhum supermercado consegue, hoje, garantir que 100% da carne que comercializa
é livre de crimes socioambientais”, resume Adriana Charoux, da Campanha
Amazônia do Greenpeace.
Dentre
todos os analisados, o Walmart foi quem saiu na frente, com
62% dos requisitos considerados fundamentais. Atrás dele, o Carrefour atingiu
23%, enquanto o Grupo Pão de Açúcar (GPA), maior empresa do setor, apenas 15%.
Na lanterna, o Cencosud alcançou meros 3%. Outros supermercados falharam
vergonhosamente: o Grupo Pereira-Comper, o Grupo DB (que têm
forte presença em várias cidades da Amazônia) e o Yamada (que preside
atualmente a Associação Brasileira de Supermercados – ABRAS) não forneceram
qualquer informação a respeito de suas políticas para evitar a ligação entre o
desmatamento e os produtos que comercializam.
Atualmente
existem mais bois do que seres humanos no país: são mais de 212 milhões de
cabeças de gado Brasil adentro – só na Amazônia o rebanho é de aproximadamente
80 milhões de animais. Juntas, as quatro maiores redes de supermercados do
Brasil (GPA, Carrefour, Walmart e Cencosud) representam mais de 50% do mercado.
O
relatório se propôs a avaliar três aspectos principais da política de compra de
carne bovina destas gigantes do setor: a existência e o alcance destas
políticas, os critérios dessas políticas e quanto os supermercados são
transparentes em relação ao tema junto a seus consumidores.
Nas
últimas décadas, mais de 750 mil km2 da floresta amazônica
brasileira foram destruídos. Aproximadamente 60% desta área virou pasto para
gado. A falta de indicadores positivos é, portanto, especialmente grave diante
da presença histórica do gado como principal vetor de desmatamento da Amazônia.
Quando
toda a sociedade brasileira se mobiliza pelo Desmatamento Zero e o Brasil busca atingir suas
metas de redução de emissão de gases de efeito estufa, é chegada a hora das
grandes redes varejistas assumirem a responsabilidade de fornecer um produto
que não contribua com o desmatamento. Elas precisam dizer não à carne
contaminada com o desmatamento.
“Os
brasileiros têm o direito de saber se sua próxima refeição está contribuindo
com a destruição da Amazônia ou com a violação de direitos humanos. Mais do que
nunca, está nas mãos dos supermercados decidir se querem fazer parte da solução
ou do problema”, desafia Adriana Charoux.
Aos
consumidores, cabe o desafio de repensar seu consumo, seja em quantidade ou em
procedência. Além de ajudar a diminuir a pressão sobre a floresta, a redução no
consumo de carne vermelha também é benéfico para a saúde e para o melhor
aproveitamento de recursos naturais. Precisamos garantir que nossa alimentação
e hábitos de consumo não contribuam para a destruição da maior floresta
tropical do planeta. Os supermercados têm que se mover. (ecodebate)
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