quinta-feira, 3 de março de 2016

Produtos Eletrônicos: inovação tecnológica e de resíduos

Passados trinta anos do lançamento do primeiro computador pessoal, temos acompanhado ou ao menos tentado acompanhar, a velocidade da evolução tecnológica dos computadores, celulares e outros aparelhos eletrônicos durante esse período. Em um ritmo acelerado, tal qual novidades tecnológicas surgem às vitrines, é a quantidade de resíduos eletrônicos que estamos gerando e descartando todos os anos. Segundo o relatório realizado em 2010 pelo Programa das Nações Unidas Para o Meio Ambiente (PNUMA), em escala global o lixo eletrônico cresce 40 milhões de toneladas ao ano. O mesmo relatório aponta o Brasil como o maior gerador entre os países emergentes, com uma geração per capita de 0,5 kg/ano.
O gerenciamento dos resíduos eletrônicos é um desafio de certa forma recente para a nossa sociedade. A diversidade de produtos eletrônicos, a evolução tecnológica e a obsolescência programada dos produtos, são alguns dos fatores que, impulsionados pelos nossos hábitos de consumo, formam a montanha de resíduos eletrônicos que precisam ser descartados de forma correta para evitar danos ao meio ambiente.
Esse tipo de resíduo quando descartado em lixões ou a céu aberto, oferece risco a saúde do homem e danos ao meio ambiente, pois nos componentes de celulares, computadores, televisores entre outros eletrônicos, estão presentes diversos metais pesados e elementos tóxicos como, por exemplo, o chumbo e o mercúrio. Promover a reciclagem desses materiais é a atitude mais inteligente, além de evitar os danos causados e preservar os recursos naturais evitando a extração, estudos apontam que há maior quantidade de ouro em 1 tonelada de computadores do que em 17 toneladas de minério bruto, computador no lixo é desperdício de recursos e de dinheiro.
De acordo como o relatório do Comitê Orientador para a Implementação de Logística Reversa, composto dentre outros, pelo Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior, a geração de resíduos eletrônicos no Brasil em 2014 será de aproximadamente 1.100 mil toneladas estimando para 2015 um aumento de 1.247 toneladas dos mais variados eletrônicos.
Diversos fatores contribuem para o montante desse tipo de resíduo que estamos acumulando durante os anos, chama atenção hoje em dia, a acelerada obsolescência dos produtos em tão pouco tempo de uso, em parte causada pela evolução da tecnologia, o que de certa forma também é uma maneira de pressionar o consumidor na compra de um novo produto, conhecida como obsolescência perceptiva. Ou ainda, a obsolescência programada, que está vinculada ao projeto e ao modo de produção dos produtos, ou seja, feitos para irem para o lixo. Estudo realizado pela ONU, em 2007, constatou que cerca de 60% dos computadores descartados nos EUA ainda funcionavam.
De encontro a essa geração de resíduos eletrônicos que cresce a cada ano, e para o nosso bem, é que cidadãos, empresas e governos estão mais conscientes sobre a importância de dar um destino correto a esse tipo de resíduo, é o que aponta o E-waste World Map, uma pesquisa realizada em uma parceria entre a ONU, empresas, governos e ONGs, para que se tenha um panorama global dos problemas também chamado e-lixo.
Se por um lado as novas tecnologias são um incentivo ao consumo, por outro lado, a globalização da economia que vivemos hoje, traz consigo as exigências de um mercado mais concorrido, em que consumidores, governos, investidores estão mais atentos ao comportamento das grandes corporações com relação às questões socioambientais.
Podemos observar isso em algumas iniciativas empresariais pelo mundo para reduzir os impactos causados pelo descarte e até mesmo o uso de seus produtos eletrônicos. Um bom exemplo a ser citado é o da Apple, potência mundial em eletrônicos, a empresa vem investindo gradativamente na redução de impacto de seus produtos.
No desenvolvimento do Mac Book Pro, os engenheiros da Apple utilizaram das técnicas da análise do ciclo de vida do produto, para mitigar os impactos ambientais, melhorando a eficiência no consumo de energia, a eliminação de substâncias tóxicas, a redução de embalagens e aumentando a capacidade de reciclagem, substituindo metais em seus componentes.
Por aqui a Política Nacional de Resíduos Sólidos (PNRS), sancionada em 2010, é uma tentativa na minimização dos impactos socioambientais, compartilhando a responsabilidade entre governo, fabricantes, revendedores e consumidores, a lei traz a obrigatoriedade da logística reversa aos produtos eletrônicos, ainda assim as iniciativas são um tanto tímidas.
Em São Bernardo (SP) um programa de reciclagem de eletrônicos é um belo exemplo a ser seguido por outros municípios do país, onde a prefeitura juntamente com a Coordenadoria de Ações para a Juventude (CAJUV) estabeleceu uma parceria de reciclagem de eletrônicos, o programa abrange não só a questão da problemática ambiental do E-lixo, mas também cumpre um importante papel social para a comunidade, através da inclusão social. Uma cooperativa recebe os equipamentos através de doações, após a triagem, separa-se o que pode ser reutilizado na montagem de outro computador, através de oficinas profissionalizantes realizadas pelo projeto, o restante quando não é passível de reciclagem é encaminhado para que uma empresa especializada faça a destinação adequada.
Nos dias de hoje ficar de fora da evolução tecnológica e fazer uso do conforto e praticidade que os produtos eletrônicos nos trazem é uma missão quase impossível. Só não podemos esquecer o nosso importante papel nesse processo, a contribuição de cada cidadão é de extrema importância, seja na escolha de empresas mais conscientes, produtos menos agressivos ao meio ambiente, seja no destino adequado após a vida útil dos produtos, em outras palavras é colocarmos em prática os 4R’s dos princípios da sustentabilidade. (eugestor)

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