Acordo de Paris não conseguirá conter aumento da
temperatura, alertam cientistas
Dez
especialistas de diferentes países, incluindo o Brasil, alertam artigo
publicado em 30/06/16 na revista internacional Nature, que as 195 nações
signatárias do Acordo de Paris, assinado em dezembro do ano passado, têm que
ser mais ambiciosas e rever com rapidez suas propostas de redução das emissões
de gases de efeito estufa para conter o aumento da temperatura do planeta em
menos de 2°C.
Segundo
o pesquisador brasileiro Roberto Schaeffer, professor do Programa de
Planejamento Energético do Instituto Alberto Luiz Coimbra de Pós-Graduação e
Pesquisa de Engenharia (Coppe) da Universidade Federal do Rio de Janeiro
(UFRJ), o estudo associa cada possível aumento da temperatura global à
probabilidade de ocorrer.
A
análise levou em conta os compromissos de redução de emissões que os países
apresentaram voluntariamente à Organização das Nações Unidas (ONU), conhecidas
como INDCs (contribuições nacionalmente determinadas pretendidas, na sigla em
inglês), e tentou traduzir tudo em uma unidade comum, para projetar as emissões
globais entre 2020 e 2030.
Apesar
de não haver dúvida sobre a mudança climática, Schaeffer disse que ainda existe
uma série de incertezas físicas sobre a dimensão do fenômeno. “Com 50% de
chance de não errar, o que significa que há 50% de chance de errar, digo que [o
aumento da] a temperatura do planeta no final do século, se as INDCs forem
cumpridas ao pé da letra, não deve exceder os 2,9ºC.”
O
estudo estima, com 66% de chance de acerte, que a temperatura no final do
século não deve subir mais que 3,2ºC; e com 90% de chance de acerto, que o
acréscimo não exceda os 3,9ºC. “Dependendo do grau de certeza ou de incerteza
que se quer ter, a gente associa
então o que seria a temperatura média do planeta ao final do século”.
Aquecimento global: a análise levou em conta os compromissos que os países apresentaram à ONU e tentou traduzir tudo em uma unidade, para projetar as emissões entre 2020 e 2030.
Aquecimento global: a análise levou em conta os compromissos que os países apresentaram à ONU e tentou traduzir tudo em uma unidade, para projetar as emissões entre 2020 e 2030.
Limite
Independente
da precisão, segundo Schaeffer, o artigo mostra que em qualquer probabilidade
de acertar, os países estão bastante longe do objetivo maior da Convenção de
Paris de limitar o aumento da temperatura do planeta ao final do século a menos
de 2ºC, idealmente tentando chegar a aumento de apenas 1,5ºC.
“A
gente mostra que o Acordo de Paris é muito legal, que o objetivo é muito nobre,
mas aquilo que neste momento os países estão propondo fazer não nos leva nem
perto do bem abaixo de 2ºC”.
No
artigo, os pesquisadores advertem, entretanto, que ainda há tempo para tentar
reverter o aumento da temperatura global. “Mas os governos têm que acelerar a
ambição e a velocidade com que novas medidas são anunciadas e começam a ser de
fato implementadas”.
Segundo
Schaeffer, não é possível esperar o prazo previsto de cinco anos para que as
metas nacionais sejam revistas pelos países. “Está na hora de acelerar isso
aí”. A primeira revisão de reavaliação dos compromissos está prevista para
2020. (ecodebate)
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